Donas de casa, técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos e profissionais liberais estão investindo na Hidroponia
Os cursos sobre Hidroponia mostram que o público interessado em aprender sobre o cultivo sem solo é bem variado. Nos treinamentos oferecidos por empresas do setor e por instituições de pesquisa é possível encontrar desde donas de casa, técnicos agrícolas, agrônomos e até profissionais liberais que pretendem investir na produção comercial de hortaliças, para atender ao crescente mercado de pessoas que buscam alimentos mais saudáveis.
Recentemente, a Embrapa Hortaliças, de Brasília (DF), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) promoveu um curso sobre cultivo protegido de hortaliças. A capacitação terminou com uma visita técnica a áreas de produção de alface e tomate hidropônico no Núcleo Rural Taquara, em Planaltina (DF). Nos dois dias anteriores, cerca de 30 pessoas, entre agrônomos, técnicos, produtores rurais e professores, receberam informações sobre vários aspectos do cultivo, como estruturas, manejo de doenças e pragas, fertilidade, irrigação e controle de temperatura.

Por demandar investimento inicial significativo na estrutura e equipamentos, o cultivo sem solo tem atraído produtores que desejam investir em produtos diferenciados e com valor agregado. O produtor Gelson de Freitas cultiva alface e rúcula hidropônicas em sua propriedade, no município de Terenos, situado a 30 quilômetros da capital, Campo Grande.
Antes de trabalhar com produção de hortaliças, Freitas tocava uma pequena fábrica de sorvetes na área urbana do município, mas a dificuldade em competir com grandes marcas resultou no fechamento da microempresa. “Nossa família trabalha junta e decidimos investir na Hidroponia. No começo, conseguimos um retorno, mas, a falta de orientação técnica quase inviabilizou a produção”, conta o produtor, que há dez anos, trocou Santo Ângelo (RS) por Terenos.
Há cerca de cinco meses, o agricultor vem recebendo assistência técnica e gerencial do programa Hortifrúti Legal, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Mato Grosso do Sul (Senar/MS), e os resultados estão surpreendendo. “Estamos produzindo 15 mil unidades de alface e 10 mil de rúcula por mês”, comemora.
Diversificação da produção

O cultivo hidropônico foi a solução encontrada pelo engenheiro agrônomo Marcelo Luiz Denke, de Planaltina (DF), para diversificar a produção na fazenda de seus pais, de 460 mil metros quadrados. A terra pertence à família do agricultor há 33 anos e é usada também para plantação de milho e de soja. Quando ainda estava na universidade, ele começou a pesquisar sobre o cultivo sem solo. “Meus pais, que são de Três de Maio, no Rio Grande do Sul, já cultivavam milho e soja. Eu queria algo para diversificar a produção na propriedade”, conta.
A Hidroplanta, que fica situada no Núcleo Rural Córrego do Atoleiro, a 15 quilômetros do centro de Planaltina, completou recentemente três anos e meio de atividade. O empreendimento tem uma área de produção de 1.071 metros quadrados (três estufas de 7 x 51), onde são cultivadas folhosas como alface – das variedades crespa e roxa -, rúcula, agrião, salsa e cebolinha. A produção de alface, que é o carro-chefe da propriedade, gira em torno de 800 pés/dia, mas ele ainda colhe 300 maços de rúcula e agrião/dia.
As hortaliças são vendidas para supermercados e atacadões do Plano Piloto. “A Hidroponia se mostrou um ótimo investimento”, destaca Denke, que recebe acompanhamento. O engenheiro agrônomo pretende aumentar a área de plantio e diversificar a produção. “Estou pensando em produzir morango semi-hidropônico, pois não dá para depender de apenas uma só cultura”, adianta o agricultor.
Rentabilidade da terra

Há pouco mais de um ano, o casal de agricultores Alencar e Carla Gessner, de Indaial (SC), decidiu procurar a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) para buscar uma forma de melhorar a rentabilidade das terras.
A propriedade já não conseguia se sustentar com as atividades de bovinocultura de leite, piscicultura e suinocultura e a escolha definiria os rumos da família, que já pensava em sair do campo.
A alternativa indicada pela Epagri foi a Hidroponia. O casal reaproveitou um antigo galpão de suinocultura e começou a produzir hortaliças, que, em pouco tempo, se tornaram a principal fonte de renda da propriedade. A área de plantio é de 1,2 mil metros quadrados e a produção é de 12 mil pés. “Hoje, temos clientela formada e nossos principais consumidores são restaurantes e lanchonetes que procuram um produto mais limpo, mais fácil de manipular”, diz Carla, que já planeja a expansão da instalação.
Fontes:
– Gelson de Freitas, produtor hidropônico
– Marcelo Luiz Denke, de Planaltina (DF)
– Alencar Gessner, de Indaial (SC)
Leia Mais
Decreto regulamenta lei do Sistema Nacional de Sementes e Mudas