Pythium ssp agente causal da podridão radicular

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Principal medida de controle da doença é o impedimento da entrada do patógeno no sistema de produção com medidas preventivas de sanidade

Muitos de nossos assinantes têm pedido informações sobre a podridão radicular, um dos principais problemas que acometem culturas em sistema hidropônico, em especial, as folhosas. Entre os mais importantes e destrutivos patógenos de diferentes culturas em cultivo sem solo destacam-se as espécies pertencentes ao gênero Pythium.

As folhosas ocupam lugar de destaque no cenário nacional da olericultura brasileira. De acordo com recente levantamento do Cenário Hortifrúti Brasil, quatro culturas pesquisadas (alface, repolho, couve e brócolis) envolvem um contingente próximo a 1,5 milhão de produtores, com grande destaque para São Paulo, porém, marcando presença nos cinturões verdes das principais cidades em todos os Estados do País. Mesmo com o aumento da produção e produtividade de hortaliças na última década, um dos grandes entraves continua sendo os problemas fitossanitários que acometem as principais culturas, principalmente aquelas com reduzida oferta de defensivos registrados, a exemplo da alface.

No entanto, Pythium ultimum e Pythium aphanidermatum são as espécies mais comuns e destrutivas que atacam a alface (Lactuca sativa), a hortaliça folhosa mais importante no Brasil. Em diversos estados do País onde se pratica Hidroponia a podridão de raízes foi diagnosticada como a principal causa de perdas econômicas por parte dos produtores.

O patógeno pertence à classe dos Oomicetos e à família Pythiaceae. O gênero Pythium criado por Pringsheim em 1858 é atualmente classificado como pertencente a Pythiaceae, Pythiales, Oomycetes, Oomycota, dentro do Reino Chromista (Straminipila) (Alexopoulos et al. 1996, Kirk et al. 2001, Dick 2001). Com cerca de 140 espécies conhecidas. Acredita-se que aproximadamente 47 espécies já foram relatadas no Brasil (Maia; Carvalho, 2015; Gonçalves; Jesus; Pires-Zottarelli, 2016), porém, pode existir uma diversidade

Pythium ssp agente causal da podridão radicular

muito maior de espécies associadas a perdas de produção em culturas agrícolas. É considerado como um dos gêneros de maior importância dentro do grupo, principalmente devido ao alto potencial parasítico de muitas de suas espécies em plantas de interesse econômico, causando apodrecimento de raízes, caules e frutos; tombamento de plântulas (“damping off”) na pós emergência e podridão de sementes na pré-emergência.

O Pythium causa lesões nas raízes e pode provocar o tombamento das plantas. Os primeiros sintomas dessa patologia somente se tornam visíveis na fase necrotrófica, após uma fase bitrófica de infecção, quando o patógeno já penetrou as radicelas e iniciou o processo de colonização. As plantas infectadas exibem lesões de coloração marrom-clara a marrom-escura nas raízes, além de sintomas de murcha foliar.

Controle

A fase de maior suscetibilidade das plantas à podridão de raiz é o início do desenvolvimento. No entanto, em todo o biociclo das plantas, as raízes novas (tecidos jovens) podem ser parasitadas. Verifica-se maior incidência e severidade da doença durante o verão,

sendo a temperatura um fator importante para a disseminação. Elevadas temperaturas provocam estresse nas plantas, diminuindo a sua resistência natural. Plantas em estado de estresse e/ou floração são mais suscetíveis ao ataque de Pyhtium devido ao aumento de exsudação radicular.

Após a entrada de Pythium no sistema hidropônico medidas emergenciais podem ser adotadas como a desinfecção do sistema hidropônico utilizando soluções de cloro como também da solução nutritiva (com radiação ultravioleta, filtração ou tratamento térmico). Porém, medidas de desinfestação da solução nutritiva têm se mostrado pouco efetiva, pois não interrompe o ciclo da população do patógeno presente diretamente na zona de infestação, mas somente a população que se encontra na solução nutritiva.

Entre as práticas de manejo, o controle químico tem sido utilizado no tratamento de sementes visando garantir a germinação e emergência da espécie de interesse. O principal entrave à utilização de fungicidas é a baixa disponibilidade de produtos registrados para controle de oomicetos em hortaliças Além de ter riscos de toxidez, não garante a melhora do produto final. Portanto, a principal medida de controle da doença é o impedimento da entrada do patógeno no sistema de produção por meio de mudas sadias, água de boa qualidade e ferramentas não contaminadas e tratamentos preventivos com produtos biológicos já disponíveis no mercado com a utilização de Trichoderma sp, sendo um dos principais mecanismos de ação a antibiose que consiste na produção de metabólitos que prejudicam do desenvolvimento do microrganismo patogênico.

Jessé
Referências

ALEXOPOULOS, C.J., MIMS, C.W. & BLACKWELL, M. 1996. Introductory Mycology. 4 ed. John Wiley & Sons, New York.

DICK, M.W. 2001. Straminipilous Fungi. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht.

GONÇALVES, D.R., JESUS, A.L. & PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A. 2016. Pythium and Phytopythium species associated with hydroponically grown crops around the City of São Paulo, Brazil. Tropical Plant Pathology 41:397–405.

KIRK, P.M., CANNON, P.F., DAVID, J.C. & STALPERS, J.A. 2001. Dictionary of Fungi. CABI Bioscience, Wallingford.

MAIA, L.C. & CARVALHO, A.A. 2015. Fungos. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB128475 Consultado em: 24/10/2022.

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