VEGETAIS ESTÃO ENTRE OS ALIMENTOS MAIS DESPERDIÇADOS NO BRASIL

Aproximadamente 45% dos vegetais e frutas produzidos no mundo acaba na lixeira ou vai à mesa de pessoas em situação de vulnerabilidade social antes mesmo de serem comercializados, é o que indica o relatório de 2015 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Somando os demais tipos de alimentos, 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçado por ano no planeta.

No Brasil, a cada ano, 26,3 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo, sendo a maior perda (45%) de frutas e hortaliças, segundo os dados FAO. Uma média de 50% das perdas acontece no campo, conforme estima o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Antonio Gomes Soares. Outros 30% decorrem nas centrais de abastecimento, 10% no campo e mais 10% nos supermercados e consumidores.

Parte do problema, afirma o pesquisador, está na falta de qualificação dos que trabalham nas diferentes fases do processo produtivo. Contudo, ele alerta que na hora da compra o consumidor também pode julgar equivocadamente a qualidade do alimento. “Precisamos de campanhas educacionais ao consumidor também”, sugere Soares.

Hidroponia consciente no MT

A produtora hidropônica Flavia Ruwer, 40 anos, do município de Querência, no Mato Grosso, compartilha da mesma opinião do pesquisador da Embrapa no que se refere ao desperdício do consumidor. “O padrão de qualidade exigido hoje é baseado muito na aparência do produto. Mesmo que esteja em perfeitas condições de consumo, se o alimento não atender à questão estética, é rejeitado”, argumenta.

A produtora lamenta ser impedida de repassar os alimentos que não são comercializados. “Doávamos as hortaliças restantes das vendas para diversas instituições de caridade. Infelizmente, a legislação vigente nos impede de realizar essa ação atualmente”, reclama. Entretanto, ela adota outras medidas para evitar o desperdício. “Por exemplo, temos uma parceria que destina as folhas de hortaliças que foram reprovadas na hora da colheita para servirem de ração para frangos e vacas leiteiras”, menciona Flavia.

Outro procedimento que a produtora adota é fornecer o número exato de unidades de hortaliças que cada mercado for comprar. “Quando os estabelecimentos passam a controlar a real necessidade da demanda do consumidor, evitamos que muitos alimentos fiquem estragando nas prateleiras”, acrescenta. Também há a opção de comprar direto no sítio onde ficam as estufas. Além de adquirir o produto fresco, a clientela ainda conta com um desconto na hora da compra.

Empreendimento familiar, o cultivo sem solo de Flavia produz mensalmente uma média de 100 mil pés de hortaliças (alface, rúcula e salsa, entre outras). “No início das atividades, o nosso desperdício era maior. Hoje, conseguimos reduzir a perda para a faixa de 10 a 15%”, afirma. Boa parte do sucesso nesse processo se deve à baixa incidência de pragas nas estufas e o controle da qualidade da produção. Porém, a produtora afirma que o objetivo da família é baixar ainda mais esse índice.

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