TIPBURN: QUEIMA DE BORDA NA ALFACE

Tipburn de alface não é causado por um agente patogênico, mas por uma deficiência de cálcio. Os sintomas podem ocorrer apesar de suprimentos abundantes de cálcio na solução nutritiva. O problema está relacionado com a dificuldade do deslocamento de cálcio suficiente para as folhas em crescimento rápido. “Fatores que contribuem para o rápido crescimento da alface, tais como a temperaturas altas, excesso de nutrientes (nitrogênio) e aumento do comprimento do dia, produzem o Tipburn”, explica o consultor hidropônico Alessandro Delazeri, de Cachoeirinha (RS). Os sintomas são manchas marrom escuras perto da margem da folha, seguido de necrose marginal das folhas, de acordo com o especialista.

O Tipburn ou “queima dos bordos” é um distúrbio fisiológico que se manifesta quando a planta tem um crescimento muito intenso e um suprimento inadequado de cálcio, principalmente nas folhas novas. Ele está relacionado com a incapacidade das plantas de fornecer o cálcio suficiente para o seu desenvolvimento durante períodos de crescimento acelerado, conforme Delazeri.

O deslocamento do cálcio das raízes para as folhas ocorre junto com a água retirada pelo processo de transpiração. A rápida transpiração das folhas externas extrai a maior parte da água e acumula a maior parte do cálcio. Folhas de alface fechadas, que formam “cabeça/coração”, que estão crescendo rapidamente, têm uma taxa de transpiração muito menor e consomem menos água e, consequentemente, menos cálcio. Com menos cálcio disponível, as folhas do “coração”, que crescem rapidamente, formam paredes celulares mais fracas que podem entrar em colapso e morrer. Estes locais de degradação permitem a entrada de bactérias que resultam na degradação do produto.

O Tipburn é geralmente considerado um problema de deficiência de cálcio, mas também pode ser causado por dano de injúria de vento ou de outros agravos físicos para as delicadas pontas das folhas em crescimento. É um problema sério que prejudica a aparência e a vida na prateleira. Em variedades que formam cabeça é um problema constante, para alface no verão, porque sua incidência é variável. “Algumas variedades são mais afetadas do que outras, o que pode não ser visível na colheita, podendo resultar em um colapso interno da cabeça e os produtos podem tornar-se não comercializáveis”, alerta o especialista, acrescentando que o Tipburn geralmente não se desenvolve em plantios de inverno, por causa das condições mais lentas e mais consistentes de crescimento.

Como reduzir a incidência

Concentrações de cálcio em alface de verão geralmente caem abaixo da faixa desejável após três semanas do trans­plante, embora possa haver uma abun­dância de cálcio disponível na solução. Ensaios com um número de suplemen­tos de cálcio aplicados por pulverização foliar foram feitos para determinar se os níveis de cálcio nas plantas podem ser aumentados para reduzir a incidência de Tipburn. “O fato foi que aplicações suplementares, foliar, não reduziram sig­nificativamente o Tipburn, não produ­zindo controle efetivo. E ainda causaram marcas na folha, o que acaba por desva­lorizar o produto”, observa.

Aplicação de nitrato de cálcio na so­lução não foi benéfica para a absorção de cálcio, de acordo com o consultor. A utilização do fertilizante nitrogenado adicional aumentou a taxa de crescimen­to da cultura, e também induziu pre­maturamente o Tipburn. Suplementos foliares que contêm nitrogênio e cálcio não aumentaram as taxas de crescimen­to ou alteraram os níveis de Tipburn das plantas, diz Delazeri. Foi alcançado, porém, um certo controle para a taxa de crescimento e redução do problema,  ao diminuir a concentração de nutrien­tes e de nitrogênio, além de aumentar o índice de potássio, se somando a gestão de irrigação mais efi­ciente.

Seleção de cultivares

A seleção de cultivares é mais importante de que qualquer fator individual sobre a incidência de Tipburn. Em testes de campo, as cultivares diferiram significativamente em sua sus­cetibilidade ao problema durante toda a temporada. “Não vou citar variedades, mas entre os principais produtores de semen­tes, as variedades oferecidas como resistentes, apresentaram as características esperadas”, salienta.

O desenvolvimento do sistema radicular desempenha um papel importante na absorção de nutrientes e no controle da evolução de Tipburn em alface. Cultivares e ensaios com grande incidência mostram um desenvolvimento deficiente das raízes, portanto fatores que prejudicam o desenvolvimento radicular, independente da variedade, aumentam a incidência desta deficiência.

Práticas de irrigação

Boas práticas de irrigação são essenciais para manter uma boa taxa de crescimento da cultura e até mesmo facilitar a ab­sorção eficaz de nutrientes. Um controle constante nos perío­dos de irrigação e drenagem, com boa oxigenação e controle da temperatura da solução nutritiva, favoreceram o crescimen­to radicular, diminuindo ou atrasando o aparecimento do Ti­pburn.

“Para minimizar a deficiência e maximizar a absorção e translocação de nutrientes na planta, particularmente o cálcio, observa-se que a circulação noturna, nos mesmos tempos da irrigação diurna, melhora o fornecimento de cálcio para o desenvolvimento de “coração/cabeça” nas folhas e reduz a incidência de Tipburn”, afirma Delazeri.

Cuidado com a colheita

A administração da colheita é vital para reduzir a incidên­cia de Tipbrun, frisa Delazeri. Atrasada a colheita, é normal o início do primeiro Tipburn. Após a formação do “coração/ cabeça”, ela se torna invisível e a única maneira de inspecionar a cultura é abrir fisicamente a alface. “É importante não atrasar a colheita para não agravar o efeito ou aumentá-lo”, frisa o consultor. Em soluções nutritivas bem equilibradas, a alface al­cança o peso comercial mais cedo. Fazendo a colheita três dias antes é possível reduzir o efeito entre 30% e 50%, ensina De­lazeri.

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