TECNOLOGIA PARA ALIMENTAR O MUNDO

Professor Paulo de Melo, da Esalq-USP, fala  sobre a evolução da horticultura e desafios para próximas décadas

Se o atual ritmo de consumo continuar, em 2050 será necessário 60% a mais de comida, 50% a mais de energia e 40% a mais de água, conforme relatório da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A entidade defende que para responder à demanda dos habitantes do planeta, que deverão somar 9 bilhões até lá, são necessários esforços concentrados e investimentos que promovam essa transição global para sistemas de agricultura e gestão de terra sustentáveis. Estas medidas implicariam no aumento de eficiência do uso dos recursos naturais – principalmente a água, energia e terra – mas também na redução considerável de desperdício de alimentos. 

E como a Hidroponia e outros segmentos da horticultura brasileira poderiam contribuir para suprir a futura carência de alimentos? Em entrevista, o professor e pesquisador do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), Dr. Paulo César Tavares de Melo, analisou essa questão e abordou os avanços e desafios brasileiros nesta área.

Quais ferramentas a horticultura brasileira tem apresentado para evoluir na questão da qualidade e produtividade de alimentos?

Ressalto as grandes mudanças que a cadeia tem enfrentado nos últimos 15 anos com a adoção de novas tecnologias. Podemos citar, por exemplo, a popularização do uso de sementes híbridas, a questão da enxertia, a expansão da Hidroponia e modernização dos insumos. Telas de sombreamento, armadilhas luminosas contra pragas, túneis baixos para cultivo e tantos outros insumos têm transformado o cotidiano do agricultor. 

E teremos mão de obra suficiente?

Chega a ser um paradoxo quando falamos em falta de mão de obra. Se por um lado a história mostra o êxodo rural, por outro, percebemos um movimento de mercado para automação na produção. Em cultivos como batata, cenoura e beterraba, já é evidente essa mão de obra mecanizada aplicada na hora da colheita. O próprio tomate industrial tem evidenciado essa tendência.  

Quais são os fatores desta evolução?

A palavra que tem norteado esses avanços é ‘inovação’. Com a internet e a facilidade de comunicação, a informação e as tecnologias chegam mais rápido aos produtores. A gente costuma dizer que o nosso setor está vivendo uma verdadeira revolução. E o produtor captou essa necessidade de mudanças. Houve um avanço significativo com a adoção de novas técnicas, que dinamizaram toda a cadeia produtiva. Na Europa, a questão da automação é uma realidade cotidiana, seja com sensores de umidade ou irrigação inteligente, por exemplo. Todas são novidades que contribuem na qualidade do alimento, economia no custo da produção e do tempo.

Neste contexto, qual é a participação do cultivo sem solo?

Saliento a alta produtividade por metro quadrado da Hidroponia como um dos seus principais atributos. O cultivo sem solo se apresenta como alternativa viável para a obtenção de mais comida com menos impacto na natureza. Esse sistema de cultivo tem se despontado na horticultura e, sem dúvida, terá um papel muito mais importante para a produção de alimentos nos próximos anos.

Pelo fato de o Brasil ser um país predominante tropical, quais são seus obstáculos na produção?

O desafio de produzir no Cinturão Tropical é mais difícil em relação a regiões de clima temperado. Sofremos com o ataque permanente de vetores de vírus, visto que não enfrentamos um inverno rigoroso para interromper o ciclo. Mosca branca, pulgões, tripes e tantos outros problemas são comuns na horticultura tropical.

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Quais seriam as soluções para enfrentar esses problemas?

É preciso que as pesquisas sempre estejam à frente para estudar a dinâmica destas pragas e encontrar soluções – tanto definitivas, quanto paliativas – adequadas à realidade local.

O quanto em qualidade final dos produtos os aperfeiçoamentos da produção proporcionam?

Todas essas evoluções, que priorizam as qualidades gustativas, apresentação e outras características dos cultivares, agregam valor ao alimento. E quem ganha no final é o consumidor, que tem mais escolhas na hora da compra e produtos com melhor qualidade. Em um evento em que participei no nordeste, me chamou a atenção o interesse dos participantes na discussão sobre a utilização de hortaliças no universo gourmet. Realmente, culinária tem uma série de facetas que podem ser usufruídas pela Hidroponia e outros setores hortícolas. Notamos o crescimento da priorização dos cultivares produzidos localmente e a recuperação de valor de alimentos nativos. Ou seja, além de aumentarmos a produtividade com novas técnicas, também encontramos novos nichos de mercado. 

Resumo: 

TECNOLOGIA PARA ALIMENTAR O MUNDO

Confira uma entrevista exclusiva com o professor Paulo de Melo, da Esalq-USP, sobre a evolução da horticultura e os desafios e oportunidades que a Hidroponia vai encontrar no cenário das próximas décadas.

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