QUATRO DICAS PARA O SUCESSO NO CULTIVO HIDROPÔNICO

A Hidroponia já percorreu um longo caminho e, graças ao esforço dos pioneiros de (no mínimo) três décadas atrás, hoje é um método de cultivo reconhecido como pilar essencial para o futuro da agricultura. O conjunto de conhecimentos agregados nessa jornada deixa claro o quão desafiadora é a empreitada, que, a cada passo, se desdobra em novas possibilidades – e responsabilidades.

Nos sistemas hidropônicos, as plantas se desenvolvem em uma solução composta de água e nutrientes, garantindo diferenciais como redução dos ciclos produtivos, uniformidade das colheitas e vegetais mais “robustos”. Para que isso seja possível, no entanto, a padronização de processos e o rigor com os níveis de qualidade e assepsia sempre foram a tônica de todos os debates e encaminhamentos do setor.

Contudo, a crescente difusão entre novos produtores, acelerada a cada ano que passa, traz consigo a preocupação quanto a uma “expansão saudável” do segmento. Como tudo que é “novidade” (e que acena com possibilidade de ganhos monetários atraentes), o problema talvez resida na velocidade com que se consegue efetivamente formar novos hidrocultores qualificados e informados, que se utilizem de conhecimento técnico confiável e cientificamente comprovado na hora de “botar a mão na água”.

É pensando nesses tantos “novatos” (muitos dos quais se voltaram para a Hidroponia mais “na empolgação” e no “ouvi dizer” do que baseados em informação relevante) que reforçamos os seguintes tópicos:

1 – ASSEGURE A QUALIDADE DA ÁGUA

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Um dos fatores mais essenciais quando pensamos em produzir qualquer alimento utilizando um método hidropônico é que a água representa a “mãe de tudo”. Sem assegurarmos que ela será sempre a mais adequada possível, todos os demais esforços são em vão. Por isso, é indicado que os produtores testem periodicamente as condições do seu abastecimento, antes de introduzi-la em um sistema de Hidroponia.

É o pH quem indica os níveis de acidez ou alcalinidade na água, por isso olho nele! Sua escala vai de 0,0 a 14,0 (sendo que 7,0 é considerado neutro, menos de 7,0 é ácido e acima de 7,0 alcalino), então nunca esqueça de manter sob controle, verificando com um medidor ou tiras de pH.

Os níveis de pH desejáveis, na maioria dos sistemas hidropônicos, costumam girar em torno de entre 5,5 e 6,5. Porém, não tome isso como uma regra imutável ou parâmetro fixo, pois os valores podem variar em função da espécie produzida, do método adotado ou até das demais condições de cultivo.

Diversos nutrientes são absorvidos em taxas diferentes, conforme a planta ou até a fase do seu desenvolvimento; portanto, antes de “bater o martelo” quanto a qual valor adotar, procure bibliografias indicativas confiáveis ou busque orientação junto a um consultor técnico especializado.

Outro item fundamental: não importa qual cultivar está sendo produzido em um sistema hidropônico, todos demandam níveis suficientes de condutividade elétrica (EC) para o crescimento saudável das plantas.

Saber o EC significa medir a quantidade de sais dissolvidos na água; em outras palavras, é esse número que indica o quanto de nutrientes e minerais as plantas estão recebendo. Ou seja, se elas estiverem sendo alimentadas com taxas insuficientes do que precisam, não é necessário ser um gênio para compreender que elas crescerão “subnutridas” – tal como uma criança que não têm acesso a dieta adequada e acaba raquítica.

O lado bom é que não há difculdade alguma em se monitorar esses índices, pois atualmente inúmeros medidores estão disponíveis no mercado, com preços relativamente acessíveis. Em geral, o processo é também bastante simplificado: basta inserir o medidor na solução aquosa, durante o tempo recomendado, e logo em seguida já se tem o número, que pode indicar necessidade ou não de ajustes.

Por fim, a temperatura da água igualmente requer atenção. Na grande maioria dos sistemas hidropônicos, o ideal é que ela se mantenha entre 20 e 22,2° C – porém, mais uma vez, antes de tomar esse valor como regra, aprofunde os estudos quanto ao seu caso em específico.

Isso pode ser providenciado através de um aquecedor ou resfriador de água, conforme a necessidade. Habitue-se a manter um termômetro por perto sempre que for revisar as bancadas, pois não é item menos importante garantir que as plantas estejam resguardadas de sofrer agressões por falta ou excesso de calor.

Ainda uma dica final sobre o ambiente aquático no qual as plantas estarão inseridas: o uso de aeração e um esterilizador UV podem ser bastante úteis. O processo combinado entre os dois equipamentos mantém algumas doenças afastadas e eleva os níveis de oxigênio dissolvido, acelerando o crescimento dos vegetais. Isso porque a aeração da zona de raiz, com um mecanismo de borbulhamento (como cálculos no ar), elimina impurezas, facilitando a livre e plena absorção dos nutrientes.

2 – INTRODUZA UM SISTEMA DE FERTIRRIGAÇÃO

A fertirrigação consiste no processo de adição de fertilizantes solúveis à água, visando que os primeiros sejam diluídos e mesclados à segunda, de modo uniforme, para que se obtenha uma mistura homogênea. É como se H2O fosse um meio de transporte que “desse carona” aos demais elementos químicos, para dizermos de um modo mais “ilustrativo”.

Esse método é adotado, atualmente, inclusive nos modelos que se utilizam do solo; porém, na Hidroponia tem papel mais decisivo, visto que a condutividade elétrica pode ser alterada caso haja uma desproporção dos nutrientes.

A distribuição precisa de fertilizantes e das demais substâncias pertinentes a cada cultivar é fator decisivo para o sucesso ou insucesso de uma safra. Tendo isso em vista, o hidroponista jamais pode descuidar das correções necessárias em cada etapa ou ciclo de vida da planta.

Garantir que a medida de cada item esteja adequada (e chegando de modo uniforme a cada indivíduo da bancada) é parte “sagrada” da rotina de revisão e cuidados de uma estufa. Isto porque, diferentemente de cultivos em solo (nos quais existe um “tampão” para sais, ácidos e bases adicionados ao sistema), a Hidroponia está desprovida de tampão natural, correndo maior risco de “overdose”, caso o excesso de algum elemento não seja detectado rapidamente.

Na prática, aplicar a quantidade correta de um fertilizante (ou mesmo de um elemento nutritivo) pode ser grande desafio, sobretudo para iniciantes e produtores inexperientes com relação a dado cultivar. É exatamente neste momento, de ajustar as proporções dos insumos a serem mesclados com a água, que se evidencia a utilidade do fertirrigador.

Porque vale destacar que é somente após a solução aquosa estar completa que são validadas as medições de pH. Sempre que um novo elemento for adicionado, ele precisa ser checado, a fim de termos certeza que não houve algum desequilíbrio ou alteração significativa. O mesmo vale para a condutividade elétrica – e, já que estamos aqui mesmo, porque não averiguar a temperatura também, né?

Não dispor de um sistema fertirrigador significa que o produtor terá que despejar, medir ou pesar, misturar e testar manualmente todos os “ingredientes”. Desta forma, estará adotando um trabalhoso (e talvez oneroso, tanto em termos de tempo quanto dinheiro) processo de “tentativa e erro”, até encontrar uma dosagem na qual pH e EC estejam corretos.

Com a implementação de um sistema automatizado, todo o processo torna-se mais eficiente. As plantas permanecem mais estáveis e são alimentadas regularmente, sendo conduzidas num ritmo de crescimento ideal: contínuo, linear e sem “solavancos”.

Cabe ressaltar que o fertirrigador não elimina a necessidade das contínuas testagens já referidas acima – ainda que a tecnologia esteja caminhando para a automatização total, que inclui geração rotineira de relatórios e autoajustes, tudo controlado através de aplicativos para celular; porém, mesmo os modelos mais básicos já garantem maior uniformidade, precisão e agilizade, facilitando muito o cultivo e a geração de resultados confiáveis.

Quanto à utilização do equipamento, é importante lembrar que os produtores devem calibrar seu sistema pelo menos uma vez por mês (idealmente, a cada duas semanas), para garantir que se mantenha dentro dos parâmetros pré-estabelecidos. É imprescindível, anda, que sejam escolhidos adubos de alta solubilidade, com poucas impurezas e livres de qualquer substância impedrante, a fim de minimizar riscos de obstrução.

3 – ESCOLHA O MÉTODO DE CRESCIMENTO ADEQUADO

TEXTO 4 DICAS

A ausência de solo em um sistema hidropônico demanda que a terra seja substituída por outra “superfície” na qual as plantas possam se “apoiar” durante seu desenvolvimento. Para que a solução nutritiva flua com eficácia e alcance igualmente todos os indivíduos de uma safra, é fundamental atenção também a essa necessidade. E a determinação de um bom meio de cultivo tem a ver com encontrar meios para que haja equilíbrio entre a taxa de oxigênio e de umidade que serão absorvidos pelas raízes das plantas.

A combinação de seixos de argila e coco é frequentemente usada para essa finalidade, porque essa associação retém oxigênio e umidade em níveis de excelência.

Os seixos de argila são grânulos baratos e conhecidos por sua capacidade de alta retenção do oxigênio em alto nível; já a fibra de coco é feita de casca da própria fruta e tem custo mais elevado, porém justificado por sua versatilidade e aplicabilidade. Diante disso, é comum a prática de mistura dos dois com pedras, visando redução de custos.

Outra alternativa para essa finalidade é a lã mineral, também bastante popular entre hidrocultores. Isso porque ela é ótima para reter tanto oxigênio como umidade e é fabricada em cubos, facilitando a disposição das plantas em fileiras. Sua desvantagem é que trata-se de um produto descartável, que precisa ser substituído após cada uso.

4 – LIMPE O SISTEMA REGULARMENTE

Para finalizar, destacamos um tópico que muitas vezes é negligenciado por alguns e tomado como “menos importante” por outros, mas sem o qual tudo mais vai, literalmente, “por água abaixo”: a limpeza regular do sistema produtivo! Jamais subestime a prioridade da assepsia em sua estufa, pois ela é a responsável por minimizar suas perdas e prejuízos, já que mantém o sistema livre de pragas e doenças.

Tendo isso em mente, vamos lá, mãos à obra: comece esterilizando completamente toda a sala de cultivo; depois, limpe os reservatórios de solução nutritiva. Para uma limpeza eficaz, isso é feito esvaziando o reservatório, enchendo-o novamente até a metade e usando uma solução de alvejante. Não há nada de difícil nesse processo e é ele quem vai garantir que não haja acúmulo de material sólido na tubulação.

Essa manutenção do reservatório geralmente é feita a cada duas ou três semanas, mas a frequência ideal depende do ritmo de ocupação. Entupimentos também podem ser evitados abrindo as válvulas por alguns segundos, uma vez por semana.

Outro processo importante de higienização consiste em periodicamente esfregar os baldes ou bandejas de cultivo, para evitar o acúmulo de patógenos. Essa é mais uma tarefa bastante simples e que pode ser feita apenas combinando-se uma solução esfoliante com uma solução alvejante a 10%. Basta aplicar a mistura e esfregar até que fiquem sem manchas; em seguida, é só enxaguar para finalizar o processo. Isso geralmente é feito após cada estação de cultivo ou ao término de colheita.

Como vimos, estes são alguns procedimentos básicos para quem já produz ou está pensando em iniciar uma estufa hidropônica, independentemene de quais vegetais se almeja produzir. São “dicas gerais”, aplicáveis a qualquer empreendimento hidropônico. Mantenha-se atento a esses elementos e busque sempre informação qualificada, pois temos certeza que o sucesso será consequência natural do seu esforço em manter os padrões de qualidade elevados, graças ao empenho nos requisitos básicos de uma produção saudável e de alto valor agregado.

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