PRODUTOR DO DISTRITO FEDERAL DECIDE INVESTIR EM AQUAPONIA

Na sua chácara, no Lago Oeste (região administrativa de Sobradinho)  no Distrito Federal, o produtor rural Sérgio Kimura, está produzindo morangos usando a Aquaponia – sistema de produção de alimentos que combina a aquicultura convencional com a Hidroponia em um ambiente simbiótico. 

O produtor destaca que, se comparado aos sistemas tradicionais de agricultura e aquicultura, um sistema de Aquaponia pode reduzir consideravelmente o consumo de água. “Com esse sistema, consigo economizar até 90% de água em relação ao cultivo tradicional”, destaca Kimura. 

Ele disse que pretende aumentar a produção até atingir uma escala comercial. A ideia surgiu há pouco mais de um ano, depois que o filho do agricultor construiu um pequeno sistema caseiro de Aquaponia na varanda de sua casa.  Saiba mais!

MAS AFINAL, O QUE É AQUAPONIA?

O termo Aquaponia é derivado da combinação das palavras aquicultura (produção de organismos aquáticos) e Hidroponia (produção de plantas sem solo). Refere-se a um conjunto de tecnologias que integram a piscicultura e o cultivo de plantas em um sistema simbiótico. 

Enquanto os resíduos da piscicultura são utilizados como fertilizantes para a produção de plantas, seu cultivo contribui para a remoção de substâncias metabólicas que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento dos peixes, atuando na qualidade da água utilizada para a piscicultura.

Ou seja, o sistema é composto por um tanque no qual são produzidos os peixes, que alimentados por ração, liberam dejetos ricos em nutrientes que, por sua vez, são bombeados para uma parte superior, que nutrem os vegetais. 

As raízes, ao retirar os nutrientes, purificam a água que retorna por gravidade para o local onde são produzidos os peixes. Kimura, quando adquiriu um sítio, decidiu investir na produção de morangos usando a técnica desenvolvida pelos astecas.

“Pensamos que seria melhor e optamos pela produção de morango em aquaponia”, recorda. Na propriedade de Kimura, um tanque de ferrocimento abriga tilápias e piaus, de onde a água com os resíduos (fezes) dos peixes segue para as hortaliças depois de passar por dois filtros. 

No biofiltro, as bactérias nitrificantes transformam a amônia em nitrito e esse é convertido em nitrato, que é aproveitado pelas plantas como nutriente. “Essa estrutura limpa a água e deixa os nutrientes necessários ao crescimento das plantas”, explica o produtor. 

PEQUENA ÁREA DE CULTIVO E APP PARA CONTROLAR A QUALIDADE DA ÁGUA

Por enquanto, o produtor conta com uma área de cultivo de 150 metros quadrados e está avaliando a experiência. “Consigo vender o pouco que produzo para conhecidos, mas a ideia é aumentar a produção”, vislumbra Kimura, que já possui cerca de 500 mudas em estufa. 

“Com esse sistema, será possível manter a produção durante todo o ano, inclusive no período das chuvas”, acrescenta. Com ajuda do filho, ele desenvolveu um aplicativo onde analisa a qualidade da água, podendo, assim, controlar melhor a produção. 

Saiba mais: Projeto de aquaponia é destaque em Minas Gerais 

“Por meio do celular, fico sabendo se a temperatura ou o pH estão em condições ideais”, afirma. O produtor menciona ainda o apoio que recebe da Emater-DF, por meio do escritório no Lago Oeste, além de outros técnicos que o assistem. “O atendimento da empresa tem sido fundamental para o sucesso do nosso empreendimento”, reconhece. 

AQUAPONIA PODE OFERECER BOM POTENCIAL DE PRODUÇÃO PARA O DF

O coordenador do programa de Piscicultura da Emater-DF, Adalmyr Borges, diz que a Aquaponia é uma aposta segura para a agricultura no Distrito Federal. “Queremos reunir mais produtores que já estão trabalhando com esse sistema, além dos que desejam iniciar a atividade, para compartilhar conhecimento, tecnologia e inovação”, explica Borges. 

O médico veterinário frisa que a Aquaponia pode ser usada para a produção de folhosas e ervas aromáticas. No caso de Kimura, além de folhosas, ele também cultiva morango. E só a ração fornecida aos peixes é suficiente para a nutrição das plantas, que precisam receber uma solução nutritiva. 

“É preciso inserir também nutrientes de acordo com a fase de crescimento e a frutificação para deixar o sistema em equilíbrio”, ensina Borges. A zootecnista da Emater-DF Priscylla Germendoff observa que a instituição tem uma grande variedade de produção vegetal. 

“Praticamente todas essas plantas que têm um ciclo curto podem ser introduzidas na Aquaponia, mas como é uma tecnologia bem recente está tudo em período de teste e de pesquisa”, ressalta. 

“Ainda não temos um pacote fechado dizendo qual que é a melhor, qual terá uma resposta melhor”, acrescenta. Priscylla ressalta que a Aquaponia não necessariamente precisa ser conduzida com peixes. Peixes de água doce são os organismos aquáticos mais comuns criados no sistema, embora lagosta de água doce e camarões também sejam algumas vezes utilizados. 

“A Aquaponia pode ser utilizada com camarões ou rãs, dependendo da região”, completa a zootecnista da Emater-DF.

Leia também: Aquaponia ganha espaço nas áreas urbanas

Andrea Weschenfelder
Plataforma Hidroponia – Editora WEB
MTB 10594

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