PRODUTO COM VALOR AGREGADO IMPULSIONA EMPREENDIMENTO HIDROPÔNICO

“O consumidor está disposto a pagar mais caro por um produto que realmente entregue mais valor. No nosso caso oferecemos confiança, qualidade, variedade e a conveniência”.

Lucas Régis – sócio administrador da Verdureira/Verde Prima

 Uma das principais formas pelas quais os empreendedores abraçam novas oportunidades está na busca por áreas frágeis no mercado e também ao explorar e investir em ideias de nicho.

Com Lucas Régis, 46 anos, sócio administrador da Verdureira/Verde Prima, em São Paulo, foi assim. 

Há cerca de 3 anos, o administrador de empresas que atuava há 18 anos como executivo em multinacionais como Ambev e BRF, mas que nunca deixou para trás sua atividade de produtor rural, com produção de café e legumes na Chapada Diamantina – BA, decidiu investir na hidroponia e em produtos com valor agregado. 

Empreendedor aberto a oportunidades, Lucas opera hoje, as duas empresas de cultivo sem solo com sucesso. Sua produção soma 80.000 pés/mês, de 13 variedades de cultivares, em uma área de 3550 metros quadrados, e emprega cerca de 50 colaboradores, na cidade de São Roque – SP. 

A Plataforma Hidroponia traz essa entrevista para você conhecer um pouco mais sobre esses dois empreendimentos que atuam de forma primorosa e manual na seleção e limpeza das folhas, e quais as perspectivas sobre o mercado dos produtos hidropônicos com valor agregado.

PH – Como surgiu a Verdureira/Verde Prima?

LR – A Verdureira processa, embala e distribui as saladas para os supermercados e restaurantes, surgiu há 25 anos, quando duas brasileiras que residiam em Paris e tomadas pelo espírito empreendedor resolveram retornar ao Brasil para investir na paixão pela arte de cozinhar que ambas cultivavam.  

Ao chegar aqui, perceberam que não havia nenhuma solução prática e saudável no mercado brasileiro para saladas e comidas naturais. Com isso, elas buscaram ajuda com professores de engenharia de produção e nutricionistas e desenvolveram a primeira cozinha gourmet de alta qualidade contendo saladas processadas e prontas para o consumo. Assim surge a Verdureira. 

Já a Verde Prima fundada em 2019, é a empresa rural que produz as hortaliças usando a hidroponia e vende 100% da sua produção para a Verdureira. Ela nasce para fortalecer ainda mais a qualidade dos produtos  produzidos pela Verdureira. Por meio da Hidroponia, a Verde Prima garante a  disponibilidade de todas as variedades de hortaliças durante todo o ano. Hortaliças  mais frescas, mais saborosas e adequadas para o processamento.    

PH – Há quanto tempo atua na produção de cultivares hidropônicos e no processamento  de produtos?  

LR – 3 anos.  

PH – Quais os cultivares produzidos? Quantos colaboradores atuam na empresa? 

LR – Produzimos 13 diferentes variedades na Verde Prima. São elas: Alface Americana;  Alface Crespa Roxa; Alface Crespa Verde; Frisee Roxa; Frisee Verde; Alface Lisa;  Lollo Rossa; Mimosa Verde; Mini Agrião; Mini Lisa; Mini Romana; Mini Rúcula e  Rúcula.  

São 5 colaboradores na Verde Prima e 42 colaboradores na Verdureira.  

PH – Como se dá a seleção do que produzir?  

LR – Tudo começa com o processo de Previsão de Vendas. Baseado no histórico e em  uma tendência de consumo, fazemos a previsão do volume de vendas de cada um dos  nossos 27 SKUs, Stock Keeping Unit – Unidade de Manutenção de Estoque (produzidos pela Verdureira), sempre com um horizonte de 4 meses.  Através da lista técnica dos SKUs, convertemos o volume das embalagens em gramas  por hortaliça.  

Aplicando o rendimento médio de cada hortaliça, chegamos ao resultado de quantos  pés devem ser plantados de cada uma delas. 

PH – Todo o produto cultivado no sistema hidropônico é processado? Ou existe a  comercialização in natura?  

LR – Processamos 100% do que produzimos na hidroponia.  

PH – Qual o volume total de produção por cultivar? E de quanto é a área física de  produção hidropônica e qual é o sistema de produção usado?  

LR – 80.000 pés/mês – 3550 m2 – O sistema é o NFT (Nutrient Film Technique) ou Técnica do Fluxo Laminar com perfis móveis.  

PH – No que se refere aos produtos processados, o que envolve a definição de valor  agregado de seu produto?  

LR – Nós entregamos aos nossos clientes uma combinação de qualidade e  conveniência. E aqui quero destacar o processo de higienização e seleção das  hortaliças, feito com o mais alto nível, onde cada folha é avaliada individualmente,  garantindo que o produto final esteja em perfeita condição e pronto para o consumo.  

PH – Como comunicar ao consumidor sobre o valor agregado para qualificar o consumo  de seus produtos?  

LR – Nós sabemos que o “tempo” nos dias de hoje é uma moeda muito valiosa, então  através do atributo de conveniência, informamos que as nossas saladas processadas  trazem uma enorme economia de tempo e praticidade para a vida dos nossos clientes.  

Como trabalhamos apenas com folhas inteiras que são selecionadas individualmente e  adicionamos uma atmosfera modificada nas nossas embalagens, as nossas saladas  duram mais tempo, mantendo o frescor, sabor e crocância de cada uma das hortaliças.  

Dessa forma, estabelecemos uma relação muito grande de confiança com os nossos  consumidores ao longo dessa jornada.  

PH – Qual o comportamento do consumidor frente às ofertas de produtos com valor  agregado?  

LR – Estamos percebendo uma tendência muito positiva na busca por produtos que  trazem maior praticidade e conveniência aos consumidores.  

O consumidor está disposto a pagar mais caro por um produto que realmente entregue mais valor. No nosso caso oferecemos confiança, qualidade, variedade e a conveniência.

PH – Como se dá sua distribuição? Regional, estadual ou nacional? Qual o estado/região  que mais absorve?  

LR – Distribuímos para supermercados e restaurantes na Grande SP e para  supermercados no RJ e AM.  

PH – Qual sua unidade de medida para venda? Pacotes com 500 grs ou tem outra  definição? 

LR – São 27 diferentes SKUs de vários tamanhos. Temos embalagens de 60g; 90g;  150g e 200g para supermercados e diversos tamanhos para restaurantes, que variam  de 60g a 500g.  

PH – Quais as tecnologias usadas nos processos de produção e processamento?  

LR – Na Verde Prima utilizamos uma tecnologia que faz todo o gerenciamento do  processo produtivo, desde o desenvolvimento das mudas, passando pelo  monitoramento da solução nutritiva até a colheita.  

O sistema garante a execução de cada tarefa no instante correto e todos os registros  do manejo são armazenados e ficam disponíveis a todo o momento, garantindo assim  o atendimento a 100% das normas de rastreabilidade.  

Através da visibilidade gerada por relatórios e do acompanhamento de cada uma das  atividades que são necessárias, dia após dia, é possível garantir uma alta  produtividade por estufa e como consequência uma otimização dos resultados.  

No nosso processamento é diferente. Temos um processo praticamente artesanal,  onde cada folha é selecionada e embalada individualmente. Ainda não existe uma  máquina capaz de fazer o que fazemos para garantir a diferenciação dos nossos  produtos.  

PH– Como é a abordagem do mercado, considerando que a empresa compôs um mix,  produzindo seus próprios cultivares no sistema hidropônico e processando para  entregar ao consumidor?  

LR – Muito positiva. Como produzimos e processamos, temos como garantir 100% da  origem dos nossos produtos, e essa é uma demanda que vem crescendo bastante por  parte dos supermercados. Além disso, conseguimos fornecer os nossos produtos ao  longo de todo ano com o mesmo padrão de qualidade, sem nenhuma alteração por  conta do clima ou de qualquer outro fator externo.  

PH – Quais as perspectivas da Hidroponia com relação a tecnologia e quais seriam os  avanços já vislumbrados na questão de produtos processados?  

LR – Acredito que a Hidroponia esteja muito próxima de dar dois grandes saltos nos  próximos anos. Um deles relacionados a gestão da informação. Vamos poder aprender  muito utilizando 100% dos dados gerados no manejo diário. Através das análises  daquilo que funciona melhor e quando funciona melhor, será possível antecipar os  problemas, atuando de uma forma mais eficiente e planejada. A análise dos dados é  fundamental para um processo de melhoria contínua consistente. O outro salto diz  respeito a automação. Poder analisar a solução nutritiva com uma frequência maior e  fazer as correções de forma automática 24 horas por dia, 7 dias por semanas  aumentará ainda mais a nossa produtividade e qualidade das hortaliças.  

Para os processados temos que estar sempre atentos às necessidades do consumidor  no que diz respeito a variedade (inovar com novos produtos é essencial) e embalagens  adequadas ao tamanho das novas famílias e as diferentes ocasiões de consumo. 

PH – O que os consumidores hidropônicos buscam/entendem em relação ao “ valor  agregado”?  

LR – O consumidor já espera uma qualidade superior de um produto hidropônico e está  disposto a pagar mais caro por isso. Precisamos continuar divulgando os demais  benefícios da hidroponia, como menor consumo dos recursos naturais para produzir e  uma menor utilização de defensivos quando comparamos com a produção tradicional.  Essa consciência será refletida em uma valorização ainda maior por parte dos  consumidores para os produtos hidropônicos.  

PH – Há diferença entre a pequena e grande produção hidropônica quando se trata de  valor agregado?  

LR – O maior valor que a Hidroponia agrega é a qualidade superior do produto. Tanto o  pequeno quanto o grande produtor possuem as mesmas condições de entregar um  produto de alta qualidade para os consumidores. O que faz a maior diferença na  produção é a disciplina na execução da rotina do dia a dia e não o tamanho da área  plantada.  

PH – Quais seus projetos com relação a essas necessidades finais dos  produtos/serviços em Hidroponia?  

LR – Continuar investindo nos processos, aprender sempre com os erros e acertos no  manejo e implantar novas tecnologias para continuar garantindo a qualidade e a  produtividade.  

PH – Fale sobre os maiores desafios e oportunidades da área.  

LR – O dia a dia na Hidroponia é um eterno aprendizado. Cada hortaliça responde de  maneira única aos diferentes tipos de manejo. Registrar e aprender o comportamento  individualizado para garantir uma qualidade e uma produtividade cada vez maior é um  grande desafio. As ferramentas de gestão e tecnologia são sem dúvidas catalisadores  nessa jornada.  

Continuar o processo de educação dos consumidores sobre os benefícios diretos e  indiretos dos produtos hidropônicos é uma grande oportunidade. Consumidores mais  conscientes são consumidores mais fiéis. Todas as vezes que um consumidor escolhe  uma hortaliça hidropônica, temos a oportunidade de dar mais um passo nesse  processo, através da qualidade muito superior que podemos entregar. 

Andrea Weschenfelder

Plataforma Hidroponia – Editora Web

MTB 10594

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