PESQUISA AVALIA PRODUÇÃO SEMI-HIDROPÔNICA DE MELÃO CANTALOUPE NO DF

Estudo mostrou que fruta pode ser alternativa de cultivo aos produtores de tomate e pimentão

O Distrito Federal não tem a tradição do cultivo de melão, mas dois pesquisadores da Embrapa Hortaliças decidiram que esse cenário poderia mudar em proveito dos produtores e consumidores. Os resultados obtidos nos experimentos conduzidos pelos pesquisadores Raphael Melo e Alexandre Morais comprovaram que, com o uso do cultivo protegido para a produção do melão cantaloupe em sistema semi-hidropônico, é possível apresentar essa alternativa aos produtores de tomate e pimentão, as principais culturas produzidas em cultivo protegido.

“Para quem já produz essas duas hortaliças sob essa forma de cultivo, o sistema semi-hidropônico é uma opção interessante para o produtor pela perspectiva de maior controle de doenças e pragas nas plantas do tomate e do pimentão por meio da alternância com o melão na área ocupada com as duas hortaliças”, destaca Morais.

O pesquisador explica que, por pertencerem à mesma família botânica das solanáceas, tanto o tomate quanto o pimentão têm em comum muitas doenças. A entrada do melão, da família das cucurbitáceas, no ciclo de rotação de culturas provocaria uma quebra na etapa de desenvolvimento de patógenos. Ele frisa ainda que o cultivo no sistema semi-hidropônico dificulta o surgimento de doenças que ocorrem com as solanáceas, mas não com o melão.

O outro fator interessante diz respeito ao aspecto da lucratividade – em 90 dias, o produtor já começa a colher um produto bastante consumido e com um preço atrativo, que pode chegar a R$ 9,00 o quilo, conferido nos pontos de venda. Todos esses componentes serviram de base ao projeto “Cultivo protegido de melões nobres em sistema semi-hidropônico: avaliação agronômica e caracterização de parâmetros fisiológicos e microclimáticos”, com atividades iniciadas em 2015.

Melão cantaloupe – A escolha do melão do tipo cantaloupe no trabalho desenvolvido pelos pesquisadores não foi aleatória, mas fruto de análises e observações sobre as possibilidades que o seu cultivo ensejaria em termos de renda para o produtor e de suprimento do mercado. Hoje, esse mercado é dependente da importação do melão produzido em Mossoró/RN, principal polo de produção. Como 96% da colheita é destinada à exportação para outros países, o mercado nacional fica com as sobras, insuficientes para atender à demanda que vem crescendo no Distrito Federal. Além disso, as condições de transporte muitas vezes são adequadas no quesito acondicionamento, contribuindo para que o produto chegue impróprio para o consumo.

Sistema semi-hidropônico – Os chamados sistemas de cultivo sem solo são aqueles em que as plantas completam o seu ciclo produtivo fora do solo, em recipientes contendo solução nutritiva composta por água e nutrientes. A diferença entre esse sistema e o hidropônico clássico, onde a água percorre uma canaleta com nutrientes e passa pelas raízes, é que no semi-hidropônico utiliza-se essa mesma vantagem de se produzir com uma quantidade de nutrientes adequada para as necessidades da planta, mas com outras peculiaridades.

Nos cultivos semi-hidropônicos, são utilizados substratos que podem ser de natureza química, orgânica ou mineral para substituir o solo. Esses substratos são dispostos em contendores como sacolas ou vasos que, por sua vez, servem de suporte para que as mudas recebam a solução. Os experimentos conduzidos com o sistema semi-hidropônico também apontaram a eficiência no uso da água no cultivo do melão cantaloupe. Após vários testes, os pesquisadores optaram pelo sistema de irrigação por gotejamento, quando ficou definido o envio de dois litros de água por hora para cada planta. “Com esse processo, como a água em excesso é drenada e volta a circular pelo sistema, há uma economia significativa no volume de água, já que não há evaporação”, acentua Morais.

Fonte: pesquisadores Raphael Melo e Alexandre Morais, da Embrapa Hortaliças, de Brasília/DF. Fone: (61) 3385-9000

Por Gustavo Paes

Revisão e Publicação: Gabriel CostaFonte: Raphael Melo e Alexandre Morais – Embrapa

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