O clima inóspito da Patagônia, com temperaturas de 35ºC no verão e de até -10ºC durante o rigoroso inverno, não é impeditivo para a produção hidropônica na Argentina. Em San Carlos de Bariloche, na província de Rio Negro, é o endereço da HidroFlora, empreendimento que produz uma grande variedade plantas aromáticas, hortaliças e flores gourmet, por meio do sistema hidropônico. O local é destino preferido de turistas que procuram por esqui ou rafting.
A iniciativa de produzir vegetais hidropônicos em um local com clima tão inóspito e, ao mesmo tempo, de uma beleza inigualável, é do casal Silvina e Diego Mingorance. Há dois anos, eles construíram uma resistente estufa no jardim de casa e iniciaram a produção da HidroFlora. O sistema adotado é o Nutrient Film Technique (NFT) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes – que proporciona os nutrientes que as plantas precisam para se alimentar, por meio de uma película de água que passa por canos de PVC de maneira alternada.
O clima da região é uma barreira natural para a entrada de insetos e pragas. A temperatura na estufa é um importante fator para assegurar o correto desenvolvimento dos cultivos. Nos dias mais frios, usam aquecedores para manter a temperatura da casa de vegetação, de 70m2, que comporta de 3,5 mil a 4 mil plantas. No verão, empregam exaustores e ventiladores para não deixar o termômetro chegar a 30ºC durante o dia e para não baixar de 12ºC à noite. “Com menos de 10ºC, as plantas não resistem”, diz o produtor hidropônico. Os empreendedores também não dispensam o uso de iluminação artificial.
Produção hidropônica para o setor gourmet
O grande destaque da HidroFlor são as flores comestíveis. Os principais cultivos são: caléndula, borraja, dente de leão, pensamento, capuchinha, perifolio, clavel, tajete e trébol. “As ervas aromáticas nos ajudam a evitar a entrada de insetos na estufa. Já as flores comestíveis fazem a sua parte atraindo as abelhas para que polinizem”, ressalta Silvina. A maior parte da produção é vendida em Bariloche para restaurantes finos, hotéis requintados, bares, cafés e pessoas físicas, que adquirem os produtos duas vezes por semana. “Cada restaurante ou hotel quer seu produto, que nenhum se repita. Alguns compram folhas grandes e outros, baby, outros pedem asiáticas e outros compram apenas dill”, diz a proprietária.

A grande variedade e frescor que oferecem para o setor gastronômico tem conquistado clientes não apenas em Bariloche. “Também comercializamos nossa produção em Neuquen, San Martin de Los Andes e em outras cidades da Patagônia. E temos um cliente de Buenos Aires, que fica a dois mil quilômetros de distância de Bariloche, que compra da HidroFlora porque os nossos produtos são de maior qualidade”, destaca a administradora, que também é formada em comércio exterior.