MAPA ALERTA PARA O RECEBIMENTO NÃO SOLICITADO DE SEMENTES

Como se 2020 não pudesse ser ainda mais estranho, pessoas em pelo menos sete estados americanos estão recebendo pacotes não solicitados contendo sementes que parecem ter se originado da China. 

As sementes – contidas em embalagens de plástico branco que muitas vezes são rotuladas com inscrições chinesas foram enviadas até agora para moradores no estado de Washington, Louisiana, Kansas, Virgínia, Utah, Arizona, Oklahoma e Ohio. 

Uma investigação em andamento sobre a origem das sementes está sendo conduzida pelo USDA (órgão de defesa agropecuária americano) e outras agências federais, incluindo o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras do Departamento de Segurança Interna. Várias agências estatais também estão investigando as sementes, enquanto o governo chinês pediu que as sementes sejam enviadas de volta à China para que possam ser investigadas.

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) decidiu emitir um alerta e procedimentos caso ocorra no Brasil. 

O QUE SÃO E QUAL O PERIGO DAS SEMENTES NÃO AUTORIZADAS

As sementes não solicitadas podem ser espécies invasivas, com potencial para introduzir doenças nas plantas locais ou também ser prejudiciais para o gado. As espécies invasoras causam estragos no meio ambiente, deslocam ou destroem plantas e insetos nativos e danificam gravemente as plantações. 

COMO PROCEDER CASO RECEBA AS SEMENTES NÃO SOLICITADAS

Em uma declaração pública, o Departamento de Agricultura do Estado de Washington afirma que a distribuição indesejada das sementes é conhecida como contrabando agrícola e incentiva os destinatários a relatar o recebimento dos pacotes e mantê-los intactos até que novas instruções sejam recebidas. Os pacotes podem ser necessários como prova. 

No Brasil, a orientação é não abrir o pacote caso nao reconheça a procedência e entrar em contato por telefone com as unidades do MAPA localizadas nos estados. 

O CASO DA VASSOURA DE BRUXA 

Para Adriano Delazeri, consultor da Plataforma Hidroponia, essa notícia o fez lembrar do caso da “Vassoura de Bruxa” que literalmente varreu o cacau brasileiro do mercado mundial no ano de 1989 causando desde suicídios a falência de praticamente todas as fazendas de cacau no sul da Bahia.

Causada pelo fungo da ‘vassoura de bruxa’, a produção despencou das 406 mil toneladas ao ano (entre 84 e 85) para 123 mil entre 1999 e 2000. Pelos dados do Ceplac, o Brasil, era o segundo maior produtor de cacau, com média de 350 mil toneladas por ano, e importa hoje cerca de 70 mil toneladas para completar a produção interna, de 130 mil toneladas.

Com relação ao atual cenário das sementes não solicitadas, Adriano estranha o caso das “sementes chinesas”, onde chega a pensar na possibilidade de Bioterrorismo.

“Elas podem conter doenças ou pragas, o que traria grande prejuízo ao agronegócio brasileiro. A orientação é caso aconteça de receber sementes não encomendadas ou não reconheça o remetente “é não abrir o pacote” e encaminhar para uma das unidades do Mapa em seu estado ou entrar em contato por telefone relatando a situação”, reforça o Delazeri para o alerta.



Já Marcos Vieira, da Agristar, mesmo não ocorrendo no Brasil, é importante o alerta. “Acho importante, pois muitos produtores  podem estar à mercê deste tipo de situação e que pode levá-los a grandes prejuízos. Já temos registros de casos com perdas incalculáveis por conta de uso de sementes sem um mínimo de garantia de controle fitossanitário”, ressalta. 

CUIDADO COM AS ARMADILHAS DA INTERNET

Hoje, comprar produtos online é comum. Muitos consumidores não pensam duas vezes antes de pegar seus smartphones para solicitar produtos e serviços em questão de minutos – 24 horas por dia, sete dias por semana. E nesse sentido Vieira faz também um alerta para a procedência e os perigos a que estamos expostos.

“A internet é um campo de grandes oportunidades, mas também com grandes armadilhas.  A compra de um insumo precisa ser cuidadosa e criteriosa, pois , infelizmente, existem muitos que se aproveitam da situação e comercializam produtos piratas e sem procedência. Para evitar este tipo de situação, o melhor é investir em marcas e empresas idôneas, reconhecidas no mercado e com todos dados técnicos que garantem a procedência de origem. “

 NOVA REALIDADE 

Embora não existam números definitivos para indicar o quão predominante está se tornando a compra de insumos agrícolas online, as empresas estão se preparando para essa realidade. Mas o foco deve ser fornecer um mercado nacional seguro. “Sabemos das questões e restrições que envolvem a comercialização via correios ou outra forma de entrega que não seja presencial numa loja física, mas acredito que o momento da pandemia acelerou uma mudança que me parece inevitável e que vem acontecendo em todos os setores. O produtor não pode parar e entendo o receio de sair de sua propriedade em busca de insumos. Acho que o e-commerce e outras modalidades de comercialização como o delivery ou a retirada na loja de um pedido feito por WhatsApp, são questões que devem ser encaradas como uma realidade. Não sei exatamente como as entidades estão avaliando o momento, mas creio que algumas destas mudanças vão permanecer. A Agristar não comercializa via correios, pois não atua na venda direta ao consumidor final”, esclarece Vieira. 

Com relação a entidades, a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABCSEM) por meio de seu Diretor Executivo Marcelo Pacotte, atenta para as questões fitossanitárias e legais da prática criminosa. “Nosso posicionamento é a defesa integral da prática da legislação vigente para o setor de sementes e mudas, principalmente no que tange a segurança fitossanitária, preservando a atividade agrícola do país.”

Ainda nos EUA, o Departamento de Agricultura afirma que a distribuição indesejada das sementes é conhecida como contrabando agrícola e incentiva os destinatários a relatar os pacotes e mantê-los intactos até que novas instruções sejam recebidas. Os pacotes podem ser necessários como prova. 

Funcionários continuam alertando quem recebe as sementes para não plantá-las ou retirá-las do solo e descartá-las caso já tenham sido plantadas, pois não podem ter certeza do que são sem análise e podem conter potencialmente patógenos prejudiciais para plantas ou gado.

O MAPA trabalha também na fiscalização do e-commerce internacional a fim de impedir que produtos ou material sem autorização entrem no país.

Andrea Weschenfelder

Plataforma Hidroponia- Editora WEB

MTB 10594

Marcos Vieira Agristar
27 07 card 03 1

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