Em Três Lagoas (MS), município localizado próximo à divisa com São Paulo, a Hidroponia virou um instrumento de inclusão social e capacitação agrícola para os detentos da Penitenciária de Segurança Média de Três Lagoas. Trata-se de um projeto piloto na área agrícola implementado pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário do Mato Grosso do Sul que consiste em desenvolver uma horta hidropônica no pavilhão destinado a internos idosos, que possuem dificuldades motoras ou que tenham outras limitações que dificultam na inserção em atividades laborais.
Idealizada pelo diretor do presídio, Raul Augusto Aparecido Sá Ramalho, a iniciativa deu seus primeiros passos há cerca de um ano e meio, quando ele ainda era chefe do setor de trabalho do local. Natural do interior de São Paulo e conhecedor do meio rural, o dirigente conta que viu na Hidroponia uma possibilidade de aumentar as vagas de trabalho para os reeducandos, além de representar também um meio de capacitá-los para a geração de renda lícita.
A intenção é de que, no futuro, possam ser firmadas parcerias com empresas de alimentação e, até mesmo, com o poder público local, para abastecimento de escolas, creches e instituições sociais. “Queremos ampliar a produção, aproveitando também outros espaços do presídio e estabelecendo a logística de prazos para cultivo, já que, no sistema de cultivo hidropônico as hortaliças ficam aptas para comercialização em pouco tempo, com garantia de boa qualidade e livres de agrotóxicos pesados”, comenta Ramalho. “Essa ampliação, futuramente, também poderá representar uma fonte de renda aos custodiados”, completa.
Atualmente, seis internos trabalham com a produção, com remição de um dia na pena a cada três trabalhados. Euflávio Alves de Souza, 47 anos, que possui deficiência de locomoção, atua na horta desde o início do empreendimento e acredita que essa oportunidade “vem trazer uma nova esperança, como forma de nos reintegrar à sociedade”, além de deixar o ambiente mais humanizado. “Antes aqui neste pavilhão, só tínhamos um gramado e um barranco de terra sem utilidade”, ressalta.
As verduras colhidas são repassadas à Pastoral Carcerária e à Federação Espírita de Três Lagoas para serem comercializadas. Parte do dinheiro arrecadado é convertida na compra de mais insumos para a horta e a outra parte em ações de assistência aos reeducandos.
Fonte: Agepen-MS (editado)