Até o final deste mês, a Emater-PR realizará três dias de campo para mostrar a tecnologia de produção de morango que diminui o uso de agrotóxicos, torna o trabalho do agricultor com a plantação mais fácil e permite uma maior economia de água. A semi-hidroponia é uma técnica também torna o trabalho do agricultor com a plantação mais fácil e economiza água para a irrigação. As capacitações ocorrerão na Região Metropolitana de Curitiba.
O sistema semi-hidropônico de cultivo já é adotado por 45 famílias atendidas por técnicos da Emater-PR em Mandirituba, com produção anual de 300 mil quilos de frutos. O primeiro treinamento ocorreu no dia 17, em Mandirituba. Os outros serão realizados amanhã (24) em São José dos Pinhais, e em Araucária, no dia 31. Os três dias de campo devem receber cerca de 500 produtores, conforme os organizadores.
“Temos um fruto mais limpo, redução de até 80% no uso de agroquímicos, racionalização do uso da água e dos nutrientes, maior produtividade e retorno econômico por área plantada. Temos, ainda, a diminuição do impacto ambiental e maior cuidado com a saúde do produtor, que realiza todas as práticas de cultivo e colheita em pé e não agachado”, explica o extensionista Sílvio Galvan.
O coordenador regional da Emater, João de Ribeiro Reis Júnior, explica que, no sistema tradicional, o produtor cultiva o morangueiro em canteiros de terra. No modelo semi-hidropônico, o plantio é feito em sacos plásticos (slabs), cheios de substrato, que ficam suspensos por bancadas em ambientes protegidos, como as estufas. “O substrato, totalmente livre de contaminação, é um material que fornece os nutrientes que a planta necessita. Ele é feito com casca de arroz carbonizada, turfa, vermiculita e casca de pinus misturados em uma proporção que garanta uma boa retenção da água e aeração para as raízes e tenha decomposição lenta. O produtor pode comprar ou produzir o insumo no seu próprio seu sítio”, ensina.
O extensionista da Emater-PR relata também que o sistema agora recomendado pela instituição traz vantagens econômicas quando comparado ao sistema convencional. “Apesar de ter um custo mais elevado na implantação, os benefícios acabam compensando. O agricultor, por exemplo, não precisa fazer rotação de cultura na área de produção, os tratos culturais são feitos em pé e o novo ciclo de produção é estabelecido com a troca dos slabs a cada dois ou três anos, sendo que em caso de infecção ele pode eliminar apenas o slab contaminado. As plantas são protegidas das chuvas e do sol forte e a ventilação impede estabelecimentos de doenças. O período de colheita é estendido por mais tempo”, explica.
Apresentando números, Reis revela que os produtores que adotam o sistema semi-hidropônico têm um custo médio de produção de R$ 74,00 por metro quadrado, considerando o investimento em toda a estrutura. “A produção tem ficado na faixa de 11,4 quilos de morango por metro quadrado em um ano, produto que é vendido por algo próximo de R$ 114,00. Esse resultado mostra que, em um ano, o produtor pode recuperar tudo o que gastou e ainda ficar com um bom dinheiro no bolso”, salienta.
Alternativa
O técnico Sílvio Galvan diz que a tecnologia tem beneficiado várias famílias da região que lidavam com a produção de frangos de corte e que ficaram em situação difícil após o frigorífico que comprava a produção falir. “Muitas delas tinham investido na construção dos barracões e ficaram com dívidas. Realidade muito complicada. A produção do morango semi-hidropônico apareceu como alternativa, exigindo apenas algumas adaptações para transformar o aviário em um ambiente de cultivo”, observa.
O Paraná tem 723 hectares ocupados com a cultura do morangueiro. A atividade é desenvolvida por aproximadamente 1,3 mil famílias. Entre as espécies frutíferas cultivadas no Estado, ela ocupa o terceiro lugar na geração de receitas, chegando a R$ 164 milhões por ano. A Região Metropolitana de Curitiba é responsável por 32% da safra paranaense da fruta, com 199 hectares cultivados. Os municípios de Araucária e São José dos Pinhais concentram quase 25% desta produção.