Durante muito tempo, as folhosas, especialmente a alface crespa das variedades Verônica e Vera, reinaram sozinhas nas estufas hidropônicas brasileiras.
Mas, nos últimos anos, esta situação começou a mudar e hoje, a diversificação já é um fenômeno evolutivo na caminhada e expansão da técnica de cultivo sem solo no país. Aos poucos, os produtores hidropônicos foram experimentando novos produtos e acabando com a monocultura da alface crespa.
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A folhosa, que deu o pontapé inicial para o surgimento da Hidroponia no Brasil, nos anos 1980, ganhou a companhia das alfaces lisa, americana, mimosa, vermelha/roxa e romana. “O Brasil é o pais que mais consome alface no mundo. Ainda predomina a alface crespa, mas o consumidor está começando a exigir mais”, afirmou o professor do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal do Centro de Ciências Agrárias (CCA), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Fernando Cesar Sala. “Diversificação exige mudanças e, às vezes, ousadia do produtor. Buscar novos mares, novos horizontes, não é nada fácil”, disse Sala.
Atualmente, a procura pela alface americana também vem aumentando, devido à crocância. Isso acontece porque quando o consumidor procura alface, além da qualidade nutricional, ele busca sabor e sensação de bem-estar ao consumi-la. Porém, apesar do crescimento no mercado, a alface americana possui limitações quando cultivada no período de verão na Região Sudeste do país. Por ser uma planta com formação de cabeça, causa danos econômicos de perdas em função de chuvas e outras adversidades. “Alguns agricultores começaram a vender uma alface com características da americana, mas sem a cabeça”, observou Sala.
Outra tendência, de acordo com o profissional, são as mini alfaces, que, embora tenham um custo final mais caro nas gôndolas dos supermercados, caíram no gosto dos consumidores. A estimativa é de que o mercado dos vegetais em miniatura cresça de 15% a 20% ao ano no Brasil. O especialista entende que todos ganharão com as mini alfaces. No entanto, esta prática, exigirá mudanças, como a alteração do espaçamento entre as plantas. “Isso é uma grande vantagem, por que o produtor consegue colocar na mesma área quase o dobro de plantas que ele colocaria se utilizasse cultivares de grande porte”, reforçou Sala.
Sala, junto com o professor Cyro Paulino da Costa, criou um novo cultivar de alface, com aparência da alface crespa, como uma planta aberta com formação de cabeça, mas trazendo características da alface americana, com folhas grossas. Adaptada à condição do clima brasileiro, além de ter folhas mais adocicadas e crocantes, a Brunela é menor quando comparada às cultivares já existentes no mercado. Com um ciclo médio de 70 dias, entre a germinação e a fase adulta, a cultivar está pronta para o consumo com 35 centímetros de diâmetro, contra os cerca de 50 centímetros dos outros tipos de alface.
A princesa das folhosas também tem novidades. Com a alta demanda, chega a faltar rúcula no mercado brasileiro. Os consumidores apreciam os tipos cultivada, folha larga, rococo, astro e maia. “A rúcula baby, mais tenra, é um mercado maduro”, assegurou Sala, que também aposta no crescimento do consumo da rúcula selvática. O cultivo dos mini tomates é outro cultivar que experimenta rápido crescimento.
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