CONHEÇA O “PAI” DOS JARDINS VERTICAIS

Às vezes, as cidades em que vivemos podem parecer sufocantes em que os espaços verdes e o  ar fresco parecem ser mercadorias raras e valiosas.

Embora os grandes parques possam oferecer um descanso da rotina cotidiana urbana, às vezes é difícil reservar um tempo para visitá-los para exercícios e relaxamento. Diante desse cenário, a botânica e o paisagismo do francês Patrick Blanc entra em ação e oferece deslumbrantes projetos verdes para as “selvas de pedra”.

Vamos conhecer agora o trabalho sensacional de coberturas de paredes verdes naturais para as cidades do especialista em plantas de florestas tropicais.

JARDINS VERTICAIS: PONTE ENTRE AMBIENTE URBANIZADO E ESPAÇOS VERDES 

O botânico e paisagista francês Patrick Blanc, trabalha no Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, onde se especializa em plantas de florestas tropicais, esteve no Brasil, em setembro, como palestrante do 12º Encontro Brasileiro de Hidroponia, realizado em Florianópolis (SC). 

O especialista, que ficou famoso na década de 90, ao inovar com os jardins verticais em grandes edificações, coloca o verde em meio ao cinza das cidades, e é considerado o “pai” dos jardins verticais. 

QUEM É BLANC?

Patrick Blanc começou a recorrer o mundo em 1962, aprendendo sobre plantas. Seu projeto que ganhou repercussão internacional foi no Parc Floral de Paris, na França, em 1994. Depois disso, sua obra cresceu e se espalhou por museus, prédios públicos e privados, lojas e restaurantes pelas grandes capitais mundiais (Paris, Madrid, Nova Iorque, Milão, Sidney, Tóquio, Hong Kong, entre outros locais). 

Ele acredita que diante de uma parede verde, o homem acaba impactado pela natureza, já que as plantas conseguem “dialogar” com o ser humano e expor toda a sua composição: raízes, folhas e flores. 

O conceito fundamental de seu trabalho, está na ideia de levar o verde para o cotidiano das pessoas, resgatando um pouco da essência homem-terra. 

O botânico afirma que, em torno de 75% do dióxido de carbono na atmosfera é produzido pelas cidades. E avalia que, cultivar jardins verticais nas laterais de edifícios e em corredores verdes horizontais, é uma maneira altamente eficiente, pragmática e barata de reverter as mudanças climáticas. E também de abrandar o “cinza” dos grandes centros urbanos, colocando mais vida em seu lugar. 

BLANC NO BRASIL

Seu amplo conhecimento no campo de plantas tropicais, bem como sua engenhosidade, permitiram-lhe conceber um sistema patenteado para criar jardins verticais capazes de combinar verde e arquitetura em completa harmonia, coexistindo sem danos, aproveitando ao máximo um do outro.

Ele já plantou mais de 300 jardins verticais em todo o mundo. Sua obra já passou, inclusive, pelo Brasil, em dois projetos itinerantes. Em 2004, na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, participou de uma exposição sobre os fósseis da Chapada do Araripe, no Estado de Pernambuco. Cinco anos mais tarde, expôs na comemoração do ano da França no Brasil. 

ESCOLHAS DAS ESPÉCIES 

Blanc salienta que a construção de um jardim vertical exige mais do que plantar várias especies em uma parede e esperar que elas cresçam. Destaca que a escolha das espécies erradas e até a seleção de pouca variedade deixam a parede vulnerável. E, mesmo quando as escolhas estão corretas, não há um cuidado posterior, e muitas vezes, as plantas acabam morrendo.

“As pessoas precisam conhecer as plantas e seus hábitos, quais podem ser podadas e quando. As plantas precisam crescer em harmonia. Os jardins verticais podem ser construídos para durar muitos anos”, enfatizou. 

Ele revelou que, meses antes de iniciar os projetos, encomenda para sua equipe a produção das espécies vegetais que utilizará em seus trabalhos. O botânico francês disse que se inspira na arquitetura das plantas, nas flores, nos sistemas de raiz, nas cores e estruturas das folhas e nas flores. 

COMO ELE SELECIONA E MANTÉM OS JARDINS 

E a ordem é contrastar cores, formas e volumes. A preferência é por espécies da floresta tropical. Durante os dias que esteve em Florianópolis, ele aproveitou para caminhar e observar novas espécies nos morros que circundam a capital catarinense. 

A pesquisa revelou novas plantas que poderão ser utilizadas em suas criações. “O Brasil é um dos países com a maior diversidade do mundo”, elogiou. 

A manutenção dos jardins verticais também é uma preocupação para Blanc, para que seu trabalho não vire um fardo para os moradores da cidade, quando ele terminar o projeto e for embora. 

A vegetação é fixada em um feltro especial, de duas finas camadas, que é irrigado regularmente com fertilizantes, garantindo que as espécies tenham os nutrientes que necessitam e que as raízes não cresçam demais, à procura de água.

Nos jardins verticais de Patrick Blanc, ele precisa de espécies que não sejam muito pesadas, nem tão leves que sejam arrancadas em condições extremamente ventosas. “Em alguns dos meus projetos, chego a utilizar mais de 240 espécies vegetais, com 30 plantas por metro quadrado”, contou o botânico. 

O CULTIVO SEM SOLO É A BASE PARA SEUS PROJETOS

A falta de espaços verdes nas grandes cidades levou-o a pensar na possibilidade de espaços paisagísticos invadirem ou ocuparem espaços verticais, principalmente em paredes, mas também em fachadas, externas e internas.

Seu sistema é baseado na própria natureza, o que mostra que certas espécies de plantas não precisam do solo para crescer, ele utiliza a técnica do cultivo sem solo nos seus projetos – ou seja, apenas um suprimento constante de água é necessário, como acontece em algumas superfícies verticais naturais, como montanhas rochosas, troncos de árvores entre outros.

Paredes e pisos são uma excelente combinação para Patrick Blanc, mas apenas quando há um bom design, porque se as raízes crescem dentro de uma parede artificial, que pode ser  danificada. 

Para que isso não aconteça, Blanc criou seu conceito de jardim vertical como uma segunda camada do edifício, fazendo com que as raízes das plantas se estendam apenas na superfície da estrutura vertical e deixando intacta a parede interna. Seu design patenteado de jardins verticais, plantas e arquitetura se relacionam em perfeita harmonia.

NO QUE CONSISTEM AS ESTRUTURAS DE SUAS PAREDES VERDES

O sistema de paredes verdes da Blanc consiste em organizar uma estrutura de suporte para a pele verde, criando uma separação física entre ela e a camada de suporte do revestimento da fachada, evitando assim que as raízes das plantas danifiquem o revestimento do edifício. 

É uma estrutura metálica auxiliar que se caracteriza por sua leveza, pois não precisará suportar terra pesada, mas apenas as plantas, o que permite que seja ancorado a qualquer tipo de suporte. 

O sistema de suporte é completado com uma folha de PVC de 1 cm de espessura, que fornece a rigidez necessária ao sistema. Finalmente, um feltro especial de poliamida, resistente à decomposição e altamente permeável é aderido a essa camada, o que permite que as plantas introduzam suas raízes para se sustentarem, o peso total do sistema é de cerca de 30 kg/m 2, leveza que o torna adequado para qualquer sistema de construção de gabinete, independentemente de sua altura.

A parede verde atua como uma fachada ventilada, graças à câmara de ar que é interposta entre ela e a base de suporte do gabinete, proporcionando um isolamento térmico e acústico eficaz.

A isso se somam os benefícios proporcionados pela camada da planta em termos de consumo de CO 2 e a contribuição de oxigênio para a atmosfera que circunda o edifício.

O bom funcionamento do sistema reside na escolha da vegetação que preenche a parede verde, de acordo com o clima de cada local.

Você conhece algum projeto de jardim vertical fora do Brasil? Comente! 

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