O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, propôs ao representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, uma parceria entre as duas instituições para erradicar a fome e a pobreza do campo. No encontro, realizado no mês de outubro, na sede da CNA, em Brasília, eles discutiram propostas de cooperação em áreas como assistência técnica e extensão rural, tecnologia e sustentabilidade, entre outros pontos. “A CNA tem tudo a ver com o trabalho da FAO, pois somos produtores de alimentos”, enfatizou Martins.
Em resposta ao presidente da CNA, o representante da FAO no Brasil também demonstrou interesse na parceria e destacou o trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) para contribuir para esse processo. “O SENAR tem larga experiência e uma ótima metodologia. Podemos, sim, criar essa sinergia”, afirmou Bojanic. João Martins lembrou que a CNA vem trabalhando para ascender, em um primeiro momento, 500 mil produtores rurais à classe média brasileira. “Nas últimas décadas, 30 milhões de pessoas nas cidades migraram para a classe média, o que não aconteceu no meio rural”, relatou.
No Brasil, cerca de 3,2 milhões de produtores rurais produzem para sustento próprio, sem gerar excedentes de produção para comercialização. A CNA avalia que esse universo de pessoas é classificado como “moradores rurais”, e não produtores. Uma das alternativas para mudar essa realidade é intensificar a assistência técnica e a extensão rural no campo, alcançando um número cada vez maior de propriedades, a partir do trabalho desenvolvido pelo SENAR, visando promover maior inserção social no campo.
Na parte de sustentabilidade, um dos pontos defendidos pelos dois dirigentes é o uso de tecnologia para ampliar a produção e a produtividade sem a necessidade de abrir novas áreas, uma vez que o Brasil possui terra suficiente para esse objetivo. Outra questão abordada foi o uso racional da água.