CINTURÕES VERDES, SUSTENTABILIDADE E HIDROPONIA

“Os alimentos produzidos nos Cinturões geralmente são de ciclo rápido; com isso, todos os dias os produtores precisam colher, embalar e entregar – e dependem de mão de obra. Então, com certeza essas regiões empregam muitos trabalhadores e são muito importantes na renda per capita de vários municípios”.

Roberto Firmino Araújo – Técnico agrícola e especialista de Cinturão Verde da Agristar

Conhecidos por sua utilização nas cidades-jardim inglesas, os Green Belts (Cinturões Verdes) ganharam notoriedade como ferramentas de controle da expansão urbana a partir do início do século XX. Os Cinturões Verdes são áreas agricultáveis permanentes, situadas nas margens das zonas urbanizadas. Sua função é conter o crescimento imobiliário, promover uma ocupação geográfica mais consciente e evitar o crescimento horizontal das metrópoles, estabelecendo uma conexão equilibrada entre campo e cidade.

Os Green Belts são excelentes áreas produtoras de alimentos, voltadas para o cultivo de frutas e hortaliças, abastecendo assim o mercado consumidor regional. Dentre as vantagens desses locais está a localização, que favorece o transporte destes gêneros agrícolas, deixando-os mais frescos, baratos e com menor “pegada ecológica” (menos transporte significa ar mais puro).

No Brasil, os principais polos produtivos de rúcula e agrião são os Cinturões Verdes de São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e a região serrana do Rio de Janeiro. Muitas dessas culturas utilizam a técnica hidropônica de cultivo; por isso, para falar mais sobre o assunto, a Plataforma Hidroponia conversou com o técnico agrícola e especialista de Cinturão Verde da Agristar, Roberto Firmino Araújo (45 anos).

Na oportunidade, também falamos sobre as novidades para Hidroponia apresentadas durante o Open Field Day da Agristar, realizado no mês de junho. Confira!

PH – O QUE É UM CINTURÃO VERDE E ONDE ESTÃO LOCALIZADOS?

RA – Na agricultura, um Cinturão Verde são polos de produção de hortaliças (folhosas e maçarias) que geralmente estão próximos das grandes cidades, para que possam se beneficiar de uma boa logística e garantir alimentos frescos todos os dias, através da CEASA, supermercados e feiras. Nos últimos anos, podemos considerar que os números de Cinturões Verdes vêm aumentando por todo o país. Os principais estão mais próximos dos grandes centros, porém em quase todas as regiões temos um Cinturão Verde para garantir o abastecimento.

PH – QUAL A RELAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CINTURÕES VERDES E A HIDROPONIA?

 RA – Geralmente as áreas de Hidroponia estão localizadas dentro dos Cinturões Verdes.

PH – A HIDROPONIA VEM SENDO CITADA COMO A TÉCNICA ALTERNATIVA PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR DO FUTURO; POR OUTRO LADO, OS CINTURÕES VERDES SÃO ÁREAS DE GRANDE POTENCIAL PARA GERAR RENDA COM A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS. COMO FAZER A LIGAÇÃO DE AMBOS E PROMOVER A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA AGRICULTURA? É POSSÍVEL?

 RA – O cultivo em Hidroponia é uma excelente alternativa, porque traz muito mais segurança para o produtor, por estar em um ambiente protegido. Plantando cultivares mais tolerantes, acaba eliminando vários riscos e, desta forma, consegue produzir com muito mais qualidade e produtividade. Os alimentos produzidos nos Cinturões geralmente são de ciclo rápido; com isso, todos os dias os produtores precisam colher, embalar e entregar e dependem de mão de obra – então, com certeza, essas regiões empregam muitos trabalhadores e são muito importantes na renda per capita de vários municípios. 

PH – QUAIS OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NOS CINTURÕES VERDES?

RA – Nosso foco é desenvolver produtos que atendam às necessidades dos produtores, trazendo rentabilidade, precocidade e produtos inovadores. Queremos que possam atender não só o mercado fresco, como também a utilização em indústrias dos minimamente processados.

PH – O QUE É PRODUZIDO DE ALIMENTO (HORTICULTURA) NESSES CINTURÕES?

RA – O cultivo é bastante diversificado, abrangendo desde folhosas como alface, rúcula, repolho, couve, almeirão, espinafre, acelga, chicória, agrião etc até maçarias (produtos vendidos em maço), como cebolinha, salsão, hortelã, coentro, dentre outros. A produção é feita tanto em campo aberto como em ambientes protegidos.

PH – QUAL A RELAÇÃO ENTRE SUSTENTABILIDADE E CINTURÕES VERDES?

RA – Por estarem mais próximos dos grandes centros consumidores, há uma enorme economia, principalmente no que diz respeito ao transporte e facilidade de escoamento dos produtos.

PH – DIANTE DAS ACELERADAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, COMO OS CINTURÕES VERDES PODEM SER UMA ALTERNATIVA PARA A SEGURANÇA DAS CIDADES DIANTE DOS RISCOS DE DESASTRES NATURAIS?

RA – Infelizmente, na agricultura ninguém está livre dos desastres naturais, mesmo nos cultivos protegidos. Mas, por se tratar de culturas de ciclos rápidos, uma reposição de mercadoria se faz de forma mais eficaz.

PH – COM RELAÇÃO ÀS BRÁSSICAS, QUAIS FORAM AS NOVIDADES APRESENTADAS PARA A PRODUÇÃO HIDROPÔNICA DURANTE O EVENTO OPEN FIELD DAY DA AGRISTAR?

RA – No evento falamos da rúcula Roka, que, apesar de ser um produto comercial já há algum tempo na nossa linha, se trata de um produto diferenciado em relação à coloração e acabamento de folhas, o que proporciona um melhor rendimento e pós-colheita. Toda hora surge um produtor querendo saber mais informações sobre esse produto, então achamos importante falarmos dela. Também falamos da rúcula Veloster, que mantém o padrão de coloração de um verde mais claro (preferida pelo consumidor final em algumas regiões). Esse material agrega para o produtor – além da boa rusticidade para doenças e folhas e raízes – a sua precocidade, fazendo com que se consiga um maior número de ciclos durante o ano.

PH –  VOCÊ TEM DADOS SOBRE O CRESCIMENTO OU PROCURA PELA PRODUÇÃO DE BRÁSSICAS HIDROPÔNICAS NO BRASIL?

RA – Não tenho dados; porém o mercado está cada vez mais exigente em relação à qualidade, criando uma competitividade entre os produtores. Nesse caso, a produção em Hidroponia tem sido uma excelente alternativa, pensando em qualidade e produtividade e conseguindo explorar melhor a sua produção por metro quadrado.

PH – QUAL O DIFERENCIAL DAS BRÁSSICAS PRODUZIDAS HIDROPONICAMENTE?

RA – Sanidade, qualidade e limpeza.

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PH – QUAIS AS ESPÉCIES MAIS PROCURADAS?

RA – Hoje a rúcula acredito que seja a mais procurada. E por produtores de praticamente todas as regiões.

PH – QUAIS OS PRINCIPAIS CUIDADOS COM RELAÇÃO A ESSA ESPÉCIE NA HIDROPONIA?

RA – Eficiência no controle da temperatura do ambiente e das soluções usadas na fertirrigação além de monitoramento diário.

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