O produtor Gelson Adeon Fernandes da Silva, de Formigueiro, um pequeno município localizado na Região Central do Rio Grande do Sul, sempre trabalhou com horticultura, principalmente o cultivo de alface e mostarda. No entanto, devido às fortes chuvas, que vinham prejudicando as plantações e as colheitas das folhosas, ele decidiu arriscar e optou pelo cultivo hidropônico conduzido em estufas.
Junto com o filho e a esposa, no ano passado Silva desenvolveu um espaço de teste para o cultivo da mostarda crespa (Brassica juncea (L.) Coss), uma planta da mesma família da couve e de brócolis. O produtor reservou uma área de 45 metros quadrados (cinco bancadas de 4.5×2 metros) para a hortaliça, fonte de vitaminas C e A, de cálcio e possui teores moderados de ferro, sódio, potássio e magnésio.
Na Região Sul, o plantio da mostarda deve ser realizado entre os meses de julho a dezembro. Os agricultores gaúchos fizeram a semeadura em 10 de novembro e 13 dias depois passaram as mudas para o berçário, onde elas ficaram até o dia 30 de novembro, quando foram transplantadas para os perfis definitivos. A colheita da hortaliça ocorreu no dia 26 de dezembro.Eles colocaram dois testes de mostarda crespa, juntas no mesmo período, mas cada uma com um tipo de adubação. A intenção era identificar qual se adaptou melhor e deu mais resultado em quantidade de colheita, conforme o produtor, que também planta outras culturas pelo sistema convencional, como tempero verde, couve folha e tomate.
O experimento mostrou que a mostarda crespa que recebeu a solução nutritiva usada em alfaces teve um melhor resultado do que a folhosa que recebeu a solução utilizada em rúculas. “O desenvolvimento e a produtividade foram os mesmos, mas a mostarda com a solução nutritiva da alface ficou com um verde mais escuro, com uma melhor apresentação”, diz o proprietário da Granja AgroHorta, localizada na localidade de Bom Retiro, a 18 quilômetros do Centro de Formigueiro. O produtor pretende fazer novos experimentos. “Depois da mostarda crespa, também pretendo fazer mais testes com diferentes tipos de espécies”, adianta.
Expansão – Os experimentos servirão para definir as espécies que ocuparão as novas estufas que devem ser implantadas ainda neste ano no empreendimento, inaugurado em julho de 2017. No momento, a Granja AgroHorta conta com cinco estruturas, mas o número vai aumentar. “Estamos planejando outras duas estufas e queremos continuar crescendo”, sublinha Silva, que cultiva alface, rúcula, tempero verde e couve folha pelo sistema hidropônico. “Estou ampliando as estufas para plantio de mais rúcula, agrião, almeirão e alface, porque a procura pelos nossos produtos está sendo cada vez maior”, acrescenta.
O cultivo em estufas trouxe mais tranquilidade para o produtor, que, aos poucos, está mudando do cultivo convencional, a campo, para o hidropônico. “O começo dessa trajetória foi muito difícil para nós, que enfrentamos muitos obstáculos no caminho, como temporal de granizo, chuvas fortes e geadas. Mas hoje, com a graça de Deus, estamos conquistando aquilo que perdemos no passado. Estamos há 25 anos nesse trabalho e apenas um ano e meio com estufas. É o começo de grandes investimentos que virão”,completa.