A IMPORTÂNCIA DO SUBSTRATO PARA A HIDROPONIA

O consultor Adriano Delazeri, da Hidroponic, avalia de forma prática as características que um bom substrato deve ter para o cultivo sem solo.

Antes de iniciar um cultivo hidropônico, é importante planejar todas as etapas. Não existe sistema que seja melhor ou pior, mas sim, um que apresente melhor desempenho econômico para um determinado cultivar. Se o produtor cultivar plantas de ciclo curto, não usar substrato é uma grande vantagem, pois, ao final do ciclo, ele pode recomeçar sem a necessidade de adquirir substrato, se livrar ou ainda reciclar o material já utilizado. Portanto, alface, rúcula, temperos e folhosas em geral têm um desempenho melhor no sistema NFT. O ciclo é mais curto, porém, a dependência de energia é grande e uma falta pode comprometer todo o cultivo.

Já para a produção de morango, tomate, pimentão, melão e pepino, que também se beneficiam do sistema NFT, o risco de cultivo é reduzido e é elevada a produtividade se for utilizado o substrato. Além de uma constante disponibilidade de nutrientes para a planta, em caso de falta de energia a carga de nutrientes e água no substrato pode mantê-la durante muitas horas e até dias em algumas condições. 

Mas em sistemas hidropônicos em substrato, o item menos analisado é o próprio substrato. O produtor compra pelo preço ou por indução do vendedor. No entanto, a escolha do substrato é fundamental e decisiva para o cultivo. “Segundo KAMPF (2008), as características físicas indispensáveis do material podem ser resumidas em: densidade volumétrica, porosidade e capacidade de retenção de água e ar”, aponta Delazeri.   

Ar e água armazenados – Um substrato deve ter algumas características definidas, como a proporção entre as partículas sólidas e espaços vazios onde ficam armazenados a água e o ar. “Um bom substrato tem uma proporção de 50% de sólidos e os outros 50% divididos entre água e ar”, ensina o consultor. Boa estabilidade física – Um substrato que perde volume ao ser umedecido também diminui a capacidade de armazenar água/solução nutritiva e ar. Por exemplo: na cultura do morango, como o ideal é que a coroa da muda fique inserida no substrato de forma que ocorra emissão de novas raízes, um substrato que “acama” muito expõe a coroa. “Em médio prazo, a muda fica presa ao substrato só pelas raízes existentes. E sem a renovação/emissão de novas raízes, a planta perde produtividade e pode até morrer”, alerta Adriano.

Quimicamente inerte – Um bom substrato para a Hidroponia deve ser o mais inerte possível. Em sistemas hidropônicos, desejamos que o substrato não contribua com nutrientes. Um substrato que contribui pode desbalancear a nutrição que programamos. A Instrução Normativa nº17, do Mapa, recomenda que o pH e a condutividade elétrica (CE) sejam determinados no mesmo estrato que emprega a relação de 1:5 (substrato:água) em volume. Utilizamos um volume de substrato diluído em cinco vezes o seu volume em água.

Biologicamente inerte – É importante conhecer as características biológicas da origem do substrato utilizado, o tempo de decomposição e contaminantes. Isso pode ser feito por observação e investigação do histórico do substrato, investigando seus componentes, origem e características. O ideal é fazer uma análise laboratorial. “Conforme o tamanho do investimento, é obrigatório este estudo para determinar sua composição química e conhecer alguma contaminação por doença ou praga”, explica o consultor.

Boa drenagem e capilaridade – O substrato deve apresentar boa drenagem ao ser irrigado. “Uma baixa drenagem dificulta dosar o volume de rega, como também, dificulta a oxigenação do sistema radicular”, destaca Delazeri.  Já a capilaridade é a propriedade física que os fluidos têm de subir em tubos extremamente finos. Essa ação pode fazer com que líquidos fluam mesmo contra a força da gravidade.

Leveza – As densidades aparentes e volumétricas expressam a relação entre a massa (incluindo o espaço vazio) e o volume de uma amostra de substrato. Quanto menor for o recipiente utilizado, menor deve ser a densidade do substrato nele disposto, pela limitação do espaço para o desenvolvimento das raízes e das plantas.

Baixo custo e disponibilidade – A relevância do custo no processo produtivo deve ser determinada pelo produtor, sempre considerando a durabilidade e a possibilidade de reaproveitamento em ciclos sucessivos. Assim como a facilidade em aquisição, pois, sem um fornecimento regular, pode ser inviável a utilização do material.

Fonte: Adriano Delazeri, da Hidroponic Consultoria Hidropônica, de Cachoeirinha/RS.

*Por se tratar de um conteúdo extenso, as metodologias de avaliação e cálculo das características estão descritas e exemplificadas por completo no acervo de artigos científicos da Plataforma Hidroponia. Lá, você acessa o conteúdo na íntegra.

Por Gustavo Paes

Revisão e publicação: Gabriel CostaFonte: Adriano Delazeri, da Hidroponic Consultoria – RS

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