O cultivo sem solo foi um dos temas discutidos no 1º Simpósio online de Horticultura de Mato Grosso, ocorrido de 30 a 31 de março – evento promovido pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Grupo de Pesquisa em Horticultura Tropical (Hortitrop) e MT Horticultura, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e teve apoio da Plataforma Hidroponia/Revista Hidroponia.
Quando comparada à produção tradicional de culturas cultivadas no solo, a hidroponia tem as suas vantagens, e quem falou sobre isso, foi o coordenador do simpósio, professor Glaucio da Cruz Genuncio, da UFMT Campus Cuiabá (foto abaixo).

Glaucio salientou que a Hidroponia permite que as plantas cresçam 50% mais rápido comparado ao cultivo convencional, conduzido no solo. Também é ecológica e ambientalmente amigável, uma vez que a produção hidropônica praticamente elimina a necessidade da utilização de herbicidas e pesticidas. E lembrou também que as plantas recebem todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento por meio da solução nutritiva.
Já o Professor Doutor Pedro Roberto Furlani – um dos maiores especialistas em Hidroponia do Brasil, falou sobre “Manejo da solução nutritiva em cultivos hidropônicos em condições tropicais”.
A Professora Doutora Simone da Costa Mello, da ESALQ/USP, tratou do tema “Agregação de valor ao produto: hortaliças baby leaf, mini e micro verdes”, enquanto o Professor Doutor Rafael Campagnol, da UFMT, falou sobre “Automação em cultivos protegidos”.
Devido à relevância da Hidroponia e o crescimento do setor, Genuncio disse que esse crescimento ainda é gradual no Mato Grosso. “O Estado possui mais de 3,2 milhões de pessoas. E, em alguns municípios, a produção de hortaliças é incipiente e, devido à distância, existem dificuldades estruturais de comercialização. O crescimento é amplo, porém com desafios, principalmente devido ao clima quente”, observou.
O professor da UFMT salientou, porém, que a Hidroponia é uma atividade que vem crescendo gradativamente e vem suprindo a demanda, que hoje é atendida em quase 70%. “O Mato Grosso ainda ‘importa’ muitas hortaliças de fora do Estado, principalmente da Ceagesp [Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo]”, acrescentou.
HORTICULTURA: PRODUTOS SAUDÁVEIS PARA SAÚDE E A ECONOMIA
Nosso mundo é altamente dependente da experiência em horticultura como técnica para atender à demanda global cada vez maior por frutas, vegetais, plantas e flores em razão das mudanças ambientais globais e dos recursos naturais e financeiros limitados.
A ciência da horticultura é crítica para melhorar o conteúdo nutricional dos alimentos, aumentando a segurança do nosso abastecimento de produtos e a disponibilidade de alimentos saudáveis, locais e produzidos de forma sustentável.
Diferente de uma cultura de grãos, a horticultura exige ainda um grande trabalho manual. Mas os horizontes dessa produção trazem muitas possibilidades e mudanças ao agregar a tecnologia.
Aumentar a consciência pública e a compreensão do valor da horticultura é um dos grandes desafios do setor. Ainda mais quando ela protege o ecossistema, proporciona estética visual e locais de tranquilidade às áreas urbanas, ajuda na conservação, produz alimentos e conecta as pessoas ao meio ambiente.
Para Genuncio, o crescimento do mercado e a busca constante por informações transformou o simpósio em um grande momento da horticultura, superando todas as expectativas. “O evento contou com um dia voltado para a fruticultura e outro para olericultura, em específico alguns temas voltados para a Hidroponia”, afirmou. “Ele foi formatado nestes moldes para atender à demanda de um público cada vez mais crescente no ramo da horticultura”, acrescentou.
A atividade foi programada para a participação de, no máximo, 300 pessoas na forma presencial e de forma regional (estadual), de acordo com Genuncio. “Com a pandemia, o simpósio se avolumou, tornando-se um evento em nível nacional”, ressalta o professor da UFMT.
FRUTICULTURA – UM MERCADO EM EXPANSÃO NO BRASIL
O Brasil tem características ambientais e tecnologia disponível que permite ao País gerar oportunidades para a fruticultura, potencializando o investimento nesse tipo de negócio relevante na economia brasileira.
Existe espaço para o aumento da oferta de frutas internamente e para o incremento da participação no mercado mundial. O Brasil ocupa a terceira colocação no ranking da produção mundial de frutas e é responsável por 4,6% do volume colhido, com uma produção de 39,9 milhões de toneladas.
A programação do evento incluiu os seguintes assuntos: “Panorama da produção de frutíferas no Brasil”, com o Professor Doutor Almy Júnior Cordeiro de Carvalho, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), e “Panorama da produção de frutíferas no Mato Grosso”, com o Doutor Luciano Gomes Ferreira, da Secretaria de Estado Agricultura Familiar do Mato Grosso (SEAF).
O tema “Bananicultura: de grandes problemas a pequenos desafios” foi apresentado pelo engenheiro agrônomo André Luís de Andrade, fitotecnista do Instituto Federal Mato Grosso (IFMT) Campus São Vicente.
O evento debateu também as questões relativas ao maracujazeiro – planta de clima tropical com ampla distribuição geográfica, sendo o Brasil o primeiro produtor mundial de maracujá, uma cultura em franca expansão, tanto para a produção de frutas para consumo in natura como para a produção de suco.
A palestra “Desafios da produção de maracujazeiro”, do Professor Doutor Marco Antônio da Silva Vasconcellos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), abordou o tema.
Já o Professor Doutor Willian Krause, da UNEMAT, falou sobre “Melhoramento genético do abacaxizeiro e as novas cultivares”, enquanto a Doutora Elisamara Caldeira do Nascimento, da UFMT, administrou a palestra “Produção de frutas orgânicas em Mato Grosso: uma cadeia em potencial”.
A “Comercialização de frutas e hortaliças na Central de Abastecimento de Cuiabá” foi assunto para o engenheiro agrônomo Wanderlei Aparecido dos Santos, da SMATDE.
EVENTO TROUXE RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
Uma mesa redonda trouxe relatos de experiências de Mato Grosso com o doutor Luciano Gomes Ferreira, da SEAF, e os produtores rurais Valentin Martinotto e Lázaro Avelino dos Santos. Eles lembraram que a fruticultura é uma atividade de alto risco, principalmente em razão da perecibilidade, da exigência da qualidade, do hábito alimentar, do gosto e da percepção do consumidor quanto ao benefício funcional e nutricional da fruta.
Outras questões, como a logística, a concorrência, a competitividade, a rentabilidade e a sustentabilidade, fazem parte da necessária eficiência na gestão dessa atividade. Nesse sentido, Genuncio discutiu a importância da rastreabilidade de frutas e hortaliças, na palestra “A importância da rastreabilidade de frutas e hortaliças”.
A PRODUÇÃO DE FLORES TAMBÉM FOI PAUTA
A pandemia de Covid-19 afetou bastante a produção, a logística, a importação e uma série de outros aspectos da produção de flores no Brasil, o setor também foi foco do evento. A Professora Doutora Celice Alexandre Silva, da UNEMAT, discutiu sobre a produção de flores tropicais no Mato Grosso.
HORTALIÇAS E ESPAÇO EMPREENDEDOR
O simpósio proporcionou também um espaço empreendedor onde Aline Ferreira Ramos, da startup Solo Líquido, falou sobre a solução criada com o propósito de facilitar o cultivo de alimentos em grandes centros urbanos. Por meio da tecnologia foi possível criar um material semelhante ao solo convencional, cuja finalidade é disponibilizar nutrientes e sustentar o desenvolvimento fisiológico da planta.
Quanto aos desafios da produção de hortaliças no Mato Grosso, falou o Professor Doutor Santino Seabra Júnior, da UNEMAT. E sob a visão do produtor, foi criada uma mesa redonda com a participação do engenheiro agrônomo Leonardo da Silva Ribeiro, da SEAF, e dos produtores Willian Gustavo dos Santos e Egon Nord.
NOVAS EDIÇÕES DO EVENTO
Devido ao sucesso e importância do evento, Glaucio adiantou que ocorrerão outras edições do simpósio. “Todas as expectativas foram superadas e a minha percepção é de que novas edições são importantes para o desenvolvimento da horticultura, tanto em nível estadual como nacional”, finaliza.
SORTEIO DE ASSINATURAS – Na ocasião, a Plataforma Hidroponia/Revista Hidroponia uma das patrocinadoras do evento, sorteou cinco assinaturas digitais entre os participantes. Os ganhadores foram Maria Paula da Silva Mendonça, Luiz Felipe Ripardo de Sousa, Dinair Freitas Lizzi Sousa, Elielson Fernandes e Phelipe Silva de Araújo
Andrea Weschenfelder
Plataforma Hidroponia – Editora WEB
MTB 10594